O Cálculo Que Faz De Mim Um Homem

Dr. Michael LaitmanA fim de que a propriedade da Luz penetre o desejo, um processo especial de descida se desenvolve. Primeiro de tudo, o desejo é transmitido com uma sensação que é oposta à Luz. Como resultado, ele não pode suportar-se e realiza uma restrição (Tzimtzum).

Posteriormente, o desejo conclui: “Eu preciso de uma tela (Masach)”. Em outras palavras, ele precisa de uma chance de igualar-se à Luz através da realização de um ato autônomo. Isso significa que ele será realmente separado do Criador e estará diante d’Ele como um convidado perante o anfitrião. Mesmo que o convidado não receba nada do anfitrião, ele ainda sente que é oposto e sofre com isso.

Eu não preciso do banquete que o anfitrião preparou para mim; eu o rejeito. Mas o anfitrião ainda fica me pedindo para provar sua mesa e lamenta que seus presentes não são aceitos por mim. Devido as circinstâncias, eu os aceito, tendo pleno conhecimento de que estou fazendo isso apenas para agradá-lo.

Assim, sendo opostas, a Luz e a criatura estão separadas umas das outras. A Luz pretende  preencher a criatura (1), enquanto a criatura a empurra para fora (2). Mas, finalmente, quando a Luz retorna e “implora” (3), a criatura, como se estivesse fazendo um favor, concorda em receber dela (4). Essa recepção é considerada como doação. Desse modo, desenvolvem-se seus relacionamentos.

Esse é o desenvolvimento por meio da tela. A criatura se apresenta como um lugar de desejo, mas esse desejo é coberto pela tela. É como se o desejo instalasse um “divisor” em cima e decidisse: Não importa o quanto de Luz entra (1), a primeira coisa que eu irei fazer é empurrá-la de volta (2). Mas a Luz ainda me pressiona (3); então, nesse caso, eu calculo (?) o quanto dela sou capaz de receber. Eu deixei a quantidade certa entrar e a recebo como um “prazer” (4).

O cálculo se torna um fator adicional: o quanto sou capaz de receber a fim de doar ao anfitrião, tanto quanto ele quer me dar de prazer? E este cálculo faz de mim um homem (Adão), uma vez que, dessa forma, eu declaro a minha autonomia, em separação completa do anfitrião, e atuo como ele. Ele me dá, e Eu dou a ele. Ou, como é descrito no Cântico dos Cânticos. “Eu sou do meu Amado, como o meu Amado é para mim”.

Agindo desta forma, a criatura chega ao estado corrigido, e este tipo de recepção se torna um vaso espiritual. Por que um “vaso”? Porque ele pode receber a Luz. Por que “espiritual”? Porque é igual ao Criador e doa como Ele.

Da 3ª parte da Liçã Diária de cabalá 04/3/11, “Palestra sobre o Artigo, Prefácio à Sabadeoria da Cabalá”