Um Mensageiro Entre Dois Pólos

Dr. Michael LaitmanPergunta: Porque é que enquanto lemos O Livro do Zohar não temos apenas de nos concentrar em nossa conexão mútua, mas também precisamos ouvir os comentários no Zohar?

Resposta: Primeiro que tudo, se lemos o texto original do Zohar, não temos praticamente por onde nos guiar. Portanto, precisamos dos comentários. Um comentário é uma fonte autêntica, um pouco abreviada, de conexão, quer na forma exterior, no degrau, quer em diversos critérios ao mesmo tempo. Mas ela nos conecta ao original.

O Zohar por si é também um comentário sobre a Torá. A maior parte do Zohar está baseada em citações tiradas da Torá, que ele processa de forma diferente. Será que O Zohar comenta estas passagens em um nível inferior àquele no qual a Torá foi escrito por Moisés, ou não? Não quero discutir isto, mas tal questão surge.

Será que o comentário Sulam reduz o degrau do Livro do Zohar ao torná-lo mais próximo do nosso entendimento? Percebemos pouco disto. Pode ser dito o seguinte: cada comentário inclui dois pontos extremos. No seu ponto mais alto, os autores do Zohar partilham as revelações de Moisés em seu nível; de outra forma, eles não seriam capazes de fazer o comentário.

Mas eles escrevem o próprio comentário tendo o leitor em mente, ou seja, de uma forma simplificada e em um nível inferior da escada espiritual. Afinal de contas, todo o benefício de revelar a Torá recai em usá-la para corrigir o desejo de desfrutar, como descrito pelo verso: “Eu criei a inclinação ao mal, e criei a Torá para a sua correcção”.

Assim, o autor de um comentário tem de permanecer em ambos os níveis: no degrau onde ele recebe a fonte e a um nível inferior ao qual ele deseja passar esta fonte, mas de uma forma mais adequada, ajustada ao degrau do receptor. Este é o objectivo de cada comentário.

Portanto, até agora, nada pode substituir o comentário Sulam, uma vez que por um lado, o Baal HaSulam atingiu o degrau do ARI, tendo por isso recebido a encarnação da alma do ARI e alcançado o degrau dos escritores do Zohar. Por outro lado, ele aproximou O Zohar do nosso degrau, explicando-o nas três linhas, na linguagem da Cabalá, usando as definições de Partzufim, mundos, Sefirot, Reshimot, e por aí fora.

Nós não precisamos de mais nada, exceto tentar actualizá-lo em nós. Contudo, supõe-se que agora o mundo inteiro esteja próximo da transformação das almas. Assim, para tornar O Zohar mais facilmente entendível para as massas, nós limpamos de certa forma o texto do Zohar de vários símbolos que pudessem ser um obstáculo para o leigo, de forma a tornar a própria leitura mais fácil para ele.

Mas nós nunca adicionamos quaisquer comentários nossos e apenas facilitamos a leitura mecânica do texto para ajudar a pessoa a perceber o texto. Nós apenas colocamos certo tipo de “filtro” sobre ele, que extrai dele toda a linguagem Aramaica, assim como referências e várias versões. Isto foi, em essência, o que fizemos com o livro “O Zohar para Todos”. Esperemos que neste formato, O Zohar esteja ainda mais apropriado ao uso para a correcção das almas.

Da 2ª parte da Lição Diária de Cabalá 12/1/11, “Introdução ao Livro do Zohar”, Artigo “O Condutor de Burros”.