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Karl Marx E A Cabalá

Dr. Michael LaitmanKarl Marx percebeu muito bem todas as conclusões Cabalísticas e manifestou-as bem abertamente, mas, ao mesmo tempo, de modo confuso para as pessoas pequenas, como Lênin e seus companheiros. O Baal HaSulam escreve sobre isso.

As obras originais de Karl Marx indicam claramente que ele supunha que quando as pessoas começarem a trabalhar com seu egoísmo, elas vão perceber que isso é impossível. Tecnicamente, isso é o que as pessoas na Rússia sentiram quando começaram a construir o socialismo depois da Revolução. Mas elas seguiram um caminho que Karl Marx definitivamente nunca pensou que fosse acontecer: o caminho da força.

Quando você está definindo uma condição de “amor ao próximo”, você não pode impor essa condição: a lei através da força. Esta foi uma invenção russa. Isso nunca pode existir!

Mas os Bolcheviques transformaram tudo dessa maneira, e no final criaram o terror e mataram quarenta milhões de pessoas. Ainda assim, isto não levou a nada. Você não pode alterar artificialmente a natureza humana, de acordo com o seu próprio caminho, especialmente por meio da força. É impossível. Ao se referir à natureza, será que você pode realmente fazer alguma coisa contra ela?

Esta ideologia do chamado “amor ao próximo” foi sempre imposta através da força até os anos finais do regime soviético, até que as pessoas tinham ficado completamente decepcionadas com tudo. Parecia bonito por fora, mas entendíamos que não era nada, a não ser o terror por dentro.

Karl Marx assumia que as pessoas perceberiam a necessidade de se juntarem e entenderiam que não há lugar para a exploração, que o capitalismo é corrupto, que a socialização dos meios e resultados da produção é necessária. Nós vamos chegar a isso de qualquer maneira. A crise mundial está levando a isso. Nós não podemos evitar isso.

Karl Marx escreveu todas essas condições Cabalísticas como leis econômicas: todas as pessoas devem ser compensadas pelo seu trabalho apenas com o que elas precisam para existir em nosso mundo. Isto se refere a qualquer coisa que seja necessária para cada pessoa existir normalmente: um apartamento, um emprego, uma família, férias, aposentadoria, saúde, educação infantil, tudo o que alguém precisa no nível do nosso mundo, na nossa sociedade humana normal. Cada pessoa deve ter isso.

Mas tudo além das necessidades torna-se propriedade pública. E ela só deve ser usada em benefício da sociedade, e apenas na medida necessária para essa sociedade. Só então estaremos em equilíbrio com a natureza.

Lição 3 da Convenção de Berlim 28/01/2011

O Problema Comum De Sete Bilhões De Pessoas

Dr. Michael LaitmanNós pensamos que cada um tem seus próprios questionamentos, seus próprios problemas. “Eu quero alcançar a espiritualidade, e eu não ligo para o resto do mundo. Às vezes eu penso neles, mas, essencialmente, o que importa? Onde está o mundo, e onde estou eu?”.

Obviamente, esta é uma resposta egoísta normal. Mas o que se pode fazer? Temos apenas uma escolha: pense o quanto estamos fortemente conectados uns com os outros. A Cabalá diz que todos os seres humanos estão interconectados. Nós já sentimos isso, e hoje estamos mais ou menos conscientes disso.

Infelizmente, ainda não temos quaisquer resultados com relação a isto. É evidente que tanto governos quanto indivíduos, não importa quão inteligentes sejam, não conseguem mudar e continuam vivendo dentro de suas cascas pessoais e egoístas. Mas o problema é realmente global e pode ser resolvido somente se estivermos conectados.

A sabedoria da Cabalá diz que todos nós somos indivíduos separados, ligados por vários tipos de conexões. É um sistema enorme, pesado, muito intrincado e multifacetado, composto por sete bilhões de partes interconectadas.

Nesse sistema, eu posso sentir meu “eu” dentro de mim, e então sinto o nosso mundo. Ou, eu posso sentir o que está fora de mim: as outras partes, os laços entre eu e todos os outros. Nesse caso, eu perceberei o mundo superior fora de mim.

Ele é considerado superior porque eu sou regido por aquilo que é fornecido a mim de todo mundo. Tudo o que ocorre em mim acontece porque os laços de todas as sete bilhões de partes vêm ao meu encontro.

Então, como vamos resolver o problema atual que a Natureza nos impõe? Parece que temos de encontrar uma conexão benevolente entre nós, porque é o sistema inteiro que nos envia todos estes sinais preocupantes.

Isto requer que nós transcendamos a nós mesmos e comecemos a sentir o espaço circundante. Fora de mim, existe o mundo do Infinito. Assim, todos nós temos que sair e experimentar o campo que vive entre nós. Ninguém pode senti-lo dentro de si.

Lição 2 Convenção de Berlim  28/01/2011

A Alma É O Que Eu Doei

Dr. Michael LaitmanAo sair das minhas sensações e tentar entrar nas de outra pessoa, eu não interfiro em suas qualidades egoístas, mas entro em contato com o que ela ainda não é: com sua alma, com o seu potencial espiritual. Eu não satisfaço a sua parte egoísta, corporal, mas em vez disso, eu crio nela a minha imagem espiritual (Partzuf) nela.

Na verdade, a minha alma é tudo que eu posso preencher nos outros. A alma não reside na pessoa. “A alma” é o desejo, e o desejo não é matéria, não pode ser pesado em balanças. Ela é um campo de ação, uma força, a força do desejo que eu direciono aos outros, enquanto conecta-se e permanece neles como um registro, como uma informação que eu coloquei dentro deles, desejando satisfazê-los.

Meu desejo é espalhado entre todas as almas, os desejos individuais e comuns das pessoas. No início, eu não estou ciente disso, e só mais tarde, quando eu ascender aos níveis espirituais mais elevados, posso começar a reparti-lo ativamente. Assim, tal anseio para fora cria a alma humana.

O corpo morre, pois é um mero organismo animal que não tem substância. O que importa é o quanto de mim eu consegui transferir para os outros com meus desejos. Não são as ações que são necessárias aqui, nem dinheiro ou força, mas apenas desejos. Afinal, o desejo é a maior força do mundo. É a única coisa que faz uma pessoa interagir com outra.

Assim, o papel do amigo no grupo é definido por aquilo que cada um vai depositar nos outros. Queira eu goste ou não, o que os outros plantam em mim começa a me influenciar. A crise global revela a nossa interconexão egoísta; da mesma forma, estamos interligados em nossas almas.

Falando de uma forma geral, a alma é algo coletivo. Há uma só alma, um ser humano, um Adão. E nós, suas partículas, ainda não compreendemos que estamos completamente ligados uns aos outros, como partes do seu organismo espiritual, o sistema espiritual.

Portanto, o impacto de cada um nos demais é direto, natural e evidente, de um ponto a outro. Se entendermos isso, ganharemos uma grande oportunidade de influenciar seletivamente as pessoas: atrair, empurrar, elevar e ajudar a todos. Se empregássemos este princípio, daríamos definitivamente um enorme salto para frente.

Se cada membro do grupo, seja homem ou mulher, perceber isso, então, com seus anseios interiores, eles podem elevar-nos agora. Isso depende apenas de nossos desejos internos, ou seja, da intenção. A intenção é um desejo não realizado que ainda está para se tornar verdadeiro. É a força mais poderosa do universo.

Nós vemos isso no exemplo do nosso mundo: quanto maior a força física, menos tangível ela é. Quem consegue sentir a força da interação atômica? E, no entanto, ela pode produzir a explosão de um enorme poder com dois quilos de matéria. Ondas e emanações intangíveis desempenham um papel muito importante em nossa vida. E a força do pensamento, a força do desejo são as maiores de todas.

Portanto, a chave no nosso caminho são as nossas intenções: o quão corretamente podemos formá-las e conectá-las mutuamente. Isto significa que cada um de nós se esforça para viver no outro, sair de si mesmo, seu corpo, e começar a sentir a alma.

É uma sensação incrível quando a pessoa não está presa ao seu corpo material. Tendo saído dele, ela começa a tratá-lo como um “consorte animal”: um cavalo, um burro, uma vaca, um cachorro, e assim por diante. Ela cuida de seu corpo, mas absolutamente não se associa com a vida dentro desses “mamíferos”. Ela já  sente que a vida se passa fora deles, no enorme campo de força da mente suprema.

Lição 4 da Convenção de Berlim 29/01/2011.

Vivendo Nos Outros

Dr. Michael LaitmanPergunta: Qual é o papel do amigo no sistema integral?

Resposta: O papel do amigo é enorme e inestimável. A pessoa ascende na medida em que ajuda os outros a se unir. Ela nunca trabalha para si diretamente, mas sempre através dos outros.

Em nosso mundo, eu sempre persigo meu próprio objetivo: eu me posiciono e todos os outros a fim de calcular o que é melhor para mim. Mesmo depois de dez pessoas, o benefício ainda tem que voltar pra mim.

No mundo espiritual, este não é o caso. Lá, eu calculo o quanto eu posso contribuir para os outros, de modo que isto permaneça neles, não em mim. Meu “eu” egoísta acaba finalmente morrendo, e o que eu investi nos outros (como se fosse no banco, exceto que seria na conta dos outros e não na minha) continua. No final, quando eu ascendo acima do meu “eu”, tudo que eu investi nos outros se torna meu. É como se eu vivesse neles, como uma mãe que vive em seus filhos, os quais ela cuida.

O mundo espiritual é fundado neste atributo materno: na doação, no amor, passando de mim para fora. Como resultado, nós começamos a nos ver vivendo nos outros, e esse estado é percebido como eterno e completo. Ele não é determinado pelo meu próprio estado de existência, incluindo o meu corpo. O corpo pode até morrer, mas “eu” já vivo em outros desejos, outras qualidades.

Da Lição 4 da Convenção de Berlim  29/01/2011

Percepção Da Realidade: De Newton A Cabalá

Dr. Michael LaitmanNós vivemos em um mundo bastante confuso. E as pessoas se perguntam sobre onde elas vivem, onde elas existem. Geralmente, nós não fazemos essas perguntas ao longo do curso de milhares de anos. Nós pensamos que o mundo em que vivemos é este mundo. Esta concepção é chamada de “percepção do mundo de acordo com Newton”.

Depois, à medida que nós avançamos em nosso estudo da natureza, descobrimos que outros seres, que são diferentes dos seres humanos, percebem o mundo de outras maneiras: cobras o percebem sob a forma de pontos de calor; cães o percebem como uma nuvem de cheiros; abelhas o percebem dividido em vários setores, e assim por diante. Em outras palavras, cada ser percebe o mundo de maneiras diferentes e é orientado de acordo com suas sensações. E isso não nos impede de existir em uma única dimensão, onde todos percebemos o mundo de formas totalmente diferentes.

Depois, surgiu um paradigma diferente. Einstein veio e provou que tudo é relativo: tempo, espaço, movimento, e que não há nada absoluto. Em outras palavras, a nossa percepção da realidade é apenas nossos hábitos, e nós podemos percebê-la de uma forma completamente diferente.

Se tivéssemos que nos mover a uma velocidade muito rápida, se tivéssemos que orbitar em torno de grandes massas celestes, o tempo e o espaço se tornariam deformados, e nós sentiríamos, veríamos e perceberíamos a nós mesmos de maneira totalmente diferente. Esta é a percepção da realidade de acordo com Einstein, que é a teoria da relatividade: Tudo é relativo ao homem. O próximo cientista, Hugh Everett, provou que o mundo que percebemos em relação a nós, isto é, que depende de nós, praticamente não existe; nós o construímos em nossas sensações.

Então surgir a sabedoria da Cabalá, a qual foi ocultada por quase 6.000 anos, e estava sempre escrito em seus livros que nem nós nem o mundo existem como nós o percebemos; tudo é apenas relativo aos nossos sentidos. Se mudássemos os nossos sentidos, o mundo mudaria.

Em outras palavras, de acordo com a teoria de Einstein, há um observador e o objeto de observação. Segundo a teoria de Hugh Everett, há um objeto e um observador, ambos mudando constantemente, e nós somos capazes de perceber algo intermediário entre eles. Mas nós também podemos perceber “exigindo” (por exigência), de acordo com nossas qualidades internas. É disso que fala a Cabalá.

Por que precisamos de todo esse conhecimento? Nós precisamos dele para que possamos, finalmente entender onde nós vivemos, o mundo em que existimos. Surgiram filmes como “Matrix” e “What the Bleep Do We Know” (Quem Somos Nós?), que transmitem concepções e idéias de que a dimensão que percebemos através dos nossos sentidos físicos não é a dimensão em que vivemos.

Nós temos visão, audição, paladar, olfato e tato. Nós percebemos o que se enquadra no âmbito destes cinco sentidos. A nossa imagem do mundo é baseada nisso.

Mas se nós tivéssemos que começar a nos separar destes sentidos, a imagem do mundo  começaria a diminuir e desaparecer. Em outras palavras, o que percebemos não é o que atualmente existe fora de nós, mas nossas reações, nossas influências internas, as chamadas “perturbações” em relação às coisas que não entendemos.

Mas, que mundo nós perceberíamos se nos libertássemos dos nossos cinco sentidos? Este é o local onde a Cabalá vem e nos diz como podemos nos elevar acima desses cinco sentidos e começar a perceber o mundo de forma diferentes, complementar. Nós podemos começar a perceber a natureza, o mundo, do jeito que ele existe fora de nossos corpos, fora de nossos cinco sentidos, além do mundo onde existimos agora em nossos corpos como qualquer organismo vivo.

Nós temos um princípio dessa percepção, também chamado de “ponto no coração”. Esse não é nem um coração nem um ponto nele. Isso é simplesmente um nome para um sentido rudimentar e adormecido que temos. Nós podemos desenvolver e usá-lo a fim de começar a perceber o mundo que podemos imaginar fora de nossos corpos.

Assim, a Cabalá fala sobre o mundo que existe na realidade fora de nós, fora de nossos cinco sentidos, fora do fluxo de informações que entra em nós. É por isso que é chamada de “Cabalá” (“recepção”), um guia para a aquisição de uma percepção verdadeira da realidade atual.

Da Palestra Pública em Berlin 27/01/2011