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Desenvolvimento Espiritual: De Embrião À Pessoa

Dr. Michael LaitmanTalmud Eser Sefirot, Volume 3, Parte 8: Na espiritualidade, tempo e espaço significa a renovação da forma . Uma vez que o Partzuf cresce somente através de uma grande quantidade de uniões (Zivugim) e transferências de Luzes, que diferem umas das outras, construindo-o juntas, elas são chamadas de “meses do desenvolvimento intrauterino” ou o período do desenvolvimento embrionário, que pode durar 7, 9 ou 12 meses dependendo da quantidade de porções de Luz que são necessárias para formá-lo.

Nós estudamos as mudanças que acontecem com o desejo de desfrutar e contamos o número de mudanças ou renovações, que são chamadas de “meses” (Hodesh, mês em hebraico, vem da palavra Hidush – renovação). Não existe tempo na espiritualidade. O tempo é determinado pelo número de mudanças que atravessamos, ao invés do movimento do ponteiro de um relógio ou as mudanças de algum fator externo. Quanto mais eu mudei, é o quanto de tempo que se passou. É assim que o tempo é definido na espiritualidade.

Portanto, o período do desenvolvimento de um embrião significa que eu passo de um estado ao outro (“Eu passo”, Over em hebraico, vem da palavra embrião, Ibur) . Eu tenho que passar por certa quantidade de mudanças para ir do desenvolvimento intrauterino dentro do Superior ao desenvolvimento fora Dele.

Agora, eu também estou no Superior e Ele me desenvolve. Durante esse processo de desenvolvimento eu não tive qualquer influência nas mudanças que atravessei.  Eu sou forçado a mudar pelos instintos e forças que experimento como sofrimento, e, assim, eu passo por essas mudanças contra a minha vontade.

Então, surge outra fase: eu começo a sentir que existe algum tipo de razão por trás disso, que existe uma necessidade elevada, e que existe um Superior que faz essas mudanças em mim, desejando que eu comece a descobrir o sistema de governança, a ordem de desenvolvimento de causa e efeito, o começo e a meta de todo o caminho. É assim como o mundo inteiro está começando a despertar em nossa época.

Depois disso, nós alcançamos a compreensão de que temos que despertar essas mudanças por nós mesmos. De certo estado em diante não há tempo que o Superior mude por nós, forçando-nos a nos desenvolver. Agora, o Superior somente adiciona Luz para nós, as quais percebemos como mal. Porém, isso não nos habilita a nos desenvolver, mas somente alcançar a compreensão de que devemos exigir o desenvolvimento do Superior. Isto é, nós já precisamos participar do desenvolvimento por nós mesmos e exigí-lo.

O Superior não me força a fazer a ação em si, mas somente a solicitá-la, de modo que eu peça que Ele a coloque em prática. Meu pedido tem que estar no meio. Por enquanto, esse pedido pode ser expresso como um pranto, porque me sinto mal.

Depois disso, eu me desenvolvo e sou obrigado a ter esse pranto, que surge da compreensão do bem, quando entendo que tudo isso é para meu bem. Mesmo que eu possa me sentir mal em minhas sensações, eu já compreendo que isso é bom para o meu desenvolvimento, porque tenho que ascender ao próximo nível. Então, o Superior não exige mais um pranto de mim, mas a cooperação no desenvolvimento. Isso é chamado de sociedade (parceria).

Depois, nós alcançamos o estado onde o Superior não me desperta de forma alguma, mas eu tenho que procurar pela oportunidade de despertar dentro de mim usando o ambiente. Eu tenho que despertar o Superior, de modo que Ele me desperte, e, então, eu concordo com Sua ação e digo a Ele exatamente como fazer isso. É como se eu entendesse e escolhesse a melhor forma de ação por mim mesmo, e então o Superior a faria.

No final, nós alcançamos o estado onde eu dou ao Superior todas as ordens. No começo do caminho Ele fez todas as ações em mim, desde o princípio até o fim, sem minha consciência. Eu não sabia quem estava agindo em mim, o que Ele fazia, e onde estava. Mas, no final do caminho, eu determino tudo, do princípio ao fim, e somente uso a força do Superior.

Todo nosso caminho se situa na aquisição de uma independência progressivamente maior e autossuficiente, tornando-se cada vez mais semelhante ao Superior.

Da 2a parte da Lição Diária de Cabalá 16/12/10, Talmud Eser Sefirot

A Pessoa Que Atrai Os Mundos

Dr. Michael LaitmanPergunta: Conforme eu avanço, eu devo agradecer mais o fato de que existe a Força Superior que me faz avançar. Mas eu não sei como posso fazer isso. Como eu posso confiar na existência da Força Superior?

Resposta: Não confie nela! Não acredite na Força Superior até que você ative seu poder desde abaixo. Não há Criador sem a criatura. Nós avançamos somente de acordo com nosso pedido (MAN), ao influenciar as forças da natureza com ele.

Quando os Cabalistas descrevem os Partzufim, eles nos contam sobre as ações de doação. Os Partzufim, por si mesmos, não existem. Exatamente da mesma maneira, eles escrevem sobre nosso esforço e existência: não há Criador e não há mundos; não há nada se a pessoa não ativar seu poder de doação.

Tão logo a pessoa ativa a força de doação, os mundos imediatamente aparecem, não em relação a ela, mas no sentido geral, uma vez que eles não existem de outra maneira. Toda a realidade, incluindo o mundo espiritual, não existe fora do homem. É isso que a sabedoria da Cabalá declara em sua seção “A Percepção da Realidade”.

Assim, em que a pessoa pode confiar? Fora do homem não há nada; tudo está somente dentro dele. Se nós não nos colocamos em movimento, não construímos o sistema dos mundos.

Tão logo eu esteja desejando doar, eu imediatamente me deparo com a Luz Infinita. Então, entre ela e eu, nascem os mundos, um sistema de comunicação entre eu e o mundo do Infinito. Se eu não realizo atos de doação, então nada existe.

Toda a realidade espiritual (nós não estamos falando sobre o mundo material, porque ele é imaginário) existe dentro do homem, conforme ele tenha o poder de doar. Se ele não tem o poder de doar, então nada existe. Nós não podemos dizer que há algo fora do homem, a menos que ele mesmo construa, crie e execute isso.

Da 2a parte da Lição Diária de Cabalá 08/12/10, Talmud Eser Sefirot

Mais Uma Vez Sobre O Amor

Dr. Michael LaitmanPergunta: O que é o amor dos amigos?

Resposta: Amor é a união em um desejo comum. A Cabalá nos dá o seguinte exemplo: quando Bina alcança o estado de Hafetz Hesed (não desejar nada para si), ela desce até Malchut, une-se a ela, e absorve seus desejos para preenchê-los com toda a força de Bina.

Isso é chamado de amor: absorver o desejo de alguém e preenchê-lo com tudo o que você possa. Está escrito que a pessoa deve  abrir mão de seu único travesseiro; essa é a manifestação do amor que precisamos alcançar. 

Mas, como é possível alcançar isso? Nós temos que ter certeza que no mundo material cada um terá todas as necessidades básicas, e que no mundo espiritual cada um receberá tudo que existe no nosso desejo comum (Kli, vaso).

É muito importante ver todos nós como um único desejo e fazer de tudo para mantê-lo vivo. Cada um precisa sentir que depende dele e que está em seu poder inclinar a balança desse mundo do prato da culpa para o prato da misericórdia. Dessa forma, nós criamos o lugar chamado Malchut, no qual a Luz Superior, o Criador, é revelada, mas devemos tentar não esquecer que a meta final é dar contentamento ao Criador.

Mas não é fácil fazer isso com respeito ao Criador; ainda nos falta um sentimento claro de Sua Luz. Assim, nós devemos ao menos pensar sobre como levar prazer ao lugar onde Ele está oculto, o lugar onde todos os desejos por Ele estão reunidos. Como está escrito: “Do amor aos seres criados ao amor ao Criador”. Na verdade, o amor dos seres criados é o desejo mais geral e unificado.

O relacionamento que queremos restaurar entre nossas almas é chamado de amor dos amigos. Amigos são indivíduos que se juntam no nível material para alcançar a conexão espiritual interior. Nós já sabemos tudo sobre ela; agora, basta executá-la.

Um número infinito de palavras já foi dito sobre isso, mas, a cada vez, elas são percebidas de uma forma nova, de acordo com o estado em que a pessoa está. Nós só precisamos absorvê-las mais profundamente dentro de nós mesmos, e a Luz virá e desenvolverá na pessoa toda a imagem, sem palavras. Então, isso se tornará claro para nós.

Aqui, é necessário paciência. Não que eu concorde em esperar e deixe tudo de lado para mais tarde, para amanhã. Tenha paciência de fazer todo esforço possível hoje, mas se você não perceber nenhum sinal de sucesso, tenha confiança que ele acontecerá a qualquer momento.

Da Lição Diária de Cabalá 10/12/2010, Baal HaSulam, Carta 13, 1925

Nós Mudamos

Dr. Michael LaitmanPergunta: Qual é a diferença entre a necessidade de se preparar para a aula antes da Convenção e agora?

Resposta: Tornou-se claro para nós que estamos sob o domínio do desejo egoísta, que nunca nos deixará revelar o Criador por nós mesmos, sem a ajuda do Alto. Nós revelamos nossa impotência um pouco mais, a incapacidade de alcançá-Lo por nossa conta, e, em oposição a isso, nós temos que compreender que existe uma Força Superior que pode fazer isso se nós realmente desejarmos.

Isso se tornou um pouco mais claro, mas esse “um pouco” é realmente muito! Ele é a revelação do Alto. Na verdade, ele é a “iluminação do dia”, uma “iluminação pela Luz”, e essa Luz torna o egoísmo visível, algo que o Baal HaSulam chamou de a “revelação do mal”. A Convenção fez seu trabalho.

Da Lição Diária de Cabalá 10/12/10, “Introdução ao Estudo das Dez Sefirot

Um Professor Permanente No Mundo De Atzilut

Dr. Michael LaitmanVocê não pode chegar ao estado final de imediato, já que, daí, você não seria independente. Você mesmo tem que recriar e construir os laços com as outras almas. As conexões desaparecem, o quadro fica totalmente apagado para você, e você tem que restaurá-lo várias vezes. Através disso, você constrói sua personalidade independente.

O estado final corrigido não é importante: ele já existe! Seu estado atual também não tem importância,  pois ele é imaginário. O que importa é somente seu esforço, o desejo de antever esse sistema e colocá-lo em ação, parecido a quando uma criança brinca como se fosse adulta. Através desse jogo você constrói seu “eu”.

O estado no qual você está constantemente sendo jogado é chamado de “esse mundo”. O estado corrigido depende somente a que nível de conexão você se eleva: Assiya, Yetzira, Beria, Atzilut, ou o mundo do Infinito.

A cada vez você entra e sai do mundo espiritual, mesmo nos níveis mais elevados, onde todo esse sistema se torna claro para você e somente alguns detalhes pequenos e mesmo imperceptíveis permanecem obscuros. De repente, você está sendo expulso completamente, numa completa escuridão, e você tem que voltar.

E o trabalho se torna cada vez mais difícil, como se ele fosse para gente grande. Aliás, quem é considerado um grande especialista? A pessoa que é capaz de executar tarefas difíceis e resolve problemas que ninguém mais consegue lidar.

Portanto, ela trabalha mais arduamente que os outros e, consequentemente, ganha mais dinheiro (“Kesef ”– cobertura, tela), fama, e status do que todos os demais.

Da 4a parte da Lição Diária de Cabalá 13/12/10, “A Serva que é Herdeira de Sua Senhora”

Comece Pequeno E Revele A Eternidade

Dr. Michael LaitmanÉ um problema quando uma pessoa religiosa e ortodoxa se prende ao cumprimento dos mandamentos físicos e não quer saber para que eles servem, qual o propósito da criação, e o que o Criador quer de nós. O Criador quer que o revelemos e O conheçamos!

Ao estar satisfeita somente com as ações físicas, a pessoa causa todos os problemas do mundo. Ela não entende como pode ser prejudicial cumprir esses mandamentos físicos. Porém, ao fazer isso, ela não corrige nada, porque toda a correção acontece dentro do desejo.

É por isso que temos que revelar todas as Reshimot (reminiscências, registros espirituais), toda nossa quebra interna, começando com a origem.  Isso é, cada um de nós deve alcançar sua raiz no mundo do Infinito. Não pode haver uma correção a menos que o Criador se revele dentro dos desejos internos da pessoa, os Kelim (vasos). Se ela não estuda Cabalá com o propósito de revelar o Criador, ela não avança.

De alguma forma, todos estão prontos para isso, uma vez que têm um desejo. Afinal, a pessoa é um ser humano, não um animal. Isso significa que ela precisa trazer seu desejo à equivalência com o Criador. Isso é tudo o que se exige dela. Comece estudando com seu desejo inicialmente pequeno, e veja que grande e eterno desejo se revelará dentro de você. Afinal, a raiz de cada alma existe no mundo do Infinito.

É por que isso que a sabedoria da Cabalá não pode ser escondida das pessoas. Pelo contrário, as pessoas devem ser abastecidas com tudo que é necessário para que elas estudem.

Nesse momento, elas são incapazes de entendê-la, mas nós veremos como as coisas mudarão de repente e tudo se revelará. Essa sabedoria não é percebida na mente, mas no desejo, e esse desejo é infinito em todos.  

A pessoa pode ser subdesenvolvida, viver no mais primitivo estilo de vida, em algum lugar remoto, mas se o caminho para a correção subitamente for revelado a ela, ela será completamente transformada, porque essa é uma questão de sensação espiritual. Por isso a Cabalá não pode ser escondida de ninguém.

Da 4a parte da Lição Diária de Cabalá 12/12/10, “A Serva que é Herdeira de Sua Senhora”