Depois Da Convenção: As Primeiras Conclusões

Dr. Michael LaitmanUm e-mail que recebi: Caro Dr. Laitman, eu acho que falo por muitos quando digo que estou dominado por uma grande desilusão. O que devo fazer com ela?

Resposta: No último dia da Convenção, eu ouvi que várias pessoas esperavam fazer a passagem para o mundo espiritual nesta Convenção, e, agora, elas estão dominadas pelo desespero total!

Eu vou dizer isso com sinceridade: Pessoalmente, eu estou surpreso com o resultado da convenção que recém acabou. E não é por causa da quantidade recorde de participantes ou da reação positiva da imprensa, mas pelas mudanças internas e o amadurecimento de cada participante e de todo grupo mundial. Pela primeira vez, as pessoas passaram por estados que não seriam capazes de passar individualmente. Discernimentos internos extremamente importantes ocorreram dentro delas.

Agora, sobre suas expectativas: Se o seu desejo fosse pela verdadeira espiritualidade, pela doação e o amor ao próximo, então você não experimentaria qualquer desespero, porque você sempre tem a oportunidade de doar e amar. Ninguém dá ou tira isso de você.

A primeira qualidade espiritual (Bina) é uma aspiração à Hafetz Hesed (estar acima do seu egoísmo), a sensação fora do seu desejo. Se você aspira a isso, então não lhe interessa qual estado você está, porque tudo vem do Criador e só Ele decide, de acordo com seu plano, o que acontecerá a todos e a cada um de vocês. A sua única reação a tudo deveria ser a alegria e o desejo de estar sob o poder do Criador, a qualidade de doação. A Machsom (barreira) é superada por aqueles que fogem de seu egoísmo e concordam com todas as condições para serem libertados dele, concordando em assumir a condição de “todos como um” (como um homem com um coração ou desejo) e da garantia mútua, “um por todos e todos por um”.

Nenhum de nós tem o poder de desprender-se do seu egoísmo. Até agora, nós temos falado sobre isso, mas não fomos capazes de discerní-lo com precisão dentro de nós, porque esta é exatamente a qualidade que não nos deixa penetrar na espiritualidade, a qualidade de doação. Nós somos incapazes de distinguir o que ela é e onde ela está dentro de nós. Ela se esconde dentro de nós como uma cobra e nós não podemos identificá-la de forma precisa, sempre confundindo-a com outras qualidades.

Assim como a dor em uma doença, apenas a dor da decepção nos ajuda a reconhecer o nosso egoísmo e descobrir que ele não é bom, mas o nosso governante do mal, o Faraó. Nós temos que aumentar a nossa decepção de tal forma, de modo que o odiaremos dentro de nós e desejaremos apenas uma coisa: separar-nos dele. No entanto, a fim de chegarmos a este estado de desespero, nós devemos primeiro aspirar a ele com todo o nosso egoísmo (Lo Lishma). Isto é o que eu falei antes da Convenção, que “estamos saindo do Egito”. E todo mundo tinha certeza de que isso deve acontecer. Se nós não tivéssemos essa confiança, não seríamos capazes de nos decepcionar e discernir de forma precisa este mal (o Faraó) dentro de nós, o qual não nos permite ascender à qualidade de doação.

Para despertar imediatamente esse mal, eu declarei no início da Convenção que somos obrigados a alcançar a união; que todo o nosso trabalho na Convenção deve ser feito por meio da investigação profunda de nós mesmos e da nossa atitude para com todos os amigos. No entanto, em vez da “revelação dos céus” que esperávamos, ela imediatamente provocou uma descida, arrefecendo-nos. Com a minha súplica em busca a união, para ascender acima de nós, acima do “eu” pessoal, eu queria mostrar aos participantes da Convenção que ainda não estamos preparados para isso, e, como resultado desse sentimento, os participantes entraram em transe.

Por um lado, eu fiquei muito feliz com este estado de “compreensão do mal”. Mas, por outro lado, eu comecei a temer que o grupo não fosse capaz de sair deste estado em tão pouco tempo. É semelhante à forma como uma pessoa doente descobre a dor e tem que entender que isso indica uma doença, e começa a tratá-la com a ajuda de um médico, o Criador. Além disso, 30 a 40% dos participantes da Convenção eram novatos na Cabala e não entendiam o que estava acontecendo com eles. Portanto, decidiu-se deter com um golpe o Faraó, suas esperanças egoístas, a fim de ascender-se acima delas.

No entanto, são exatamente estes processos que experimentamos que nos prepararam para a passagem – que não é egoísta (aspirar em revelar a realização), mas que deseja revelar a oportunidade de doar, unir-se “como um homem com um coração”, concordando com a garantia mútua. O resultado da Convenção é o primeiro golpe no Faraó – o nosso amor-próprio, nossas esperanças egoístas em “romper a Machsom” e receber o Mundo Superior, assim como este mundo dentro de nós, dentro dos nossos desejos, dentro de nossa realização.

O Baal HaSulam escreve que quando a pessoa atinge o limite espiritual, ela está convencida de que o mundo espiritual não pertence a ela e só depois é que ela rompe a Klipa, a fronteira, e adquire a qualidade de doação.

A revelação da nossa indisposição ocorreu de imediato, na minha primeira aula, quando eu disse no início que em vez de ações externas, devemos mergulhar dentro de nós mesmos, na nossa conexão, na garantia mútua. Imediatamente, tudo se transformou em gelo! O nosso egoísmo apareceu, mas esta revelação do mal dentro de nós também é uma grande conquista que foi trazida por ninguém menos que a nossa união (a santidade do dia).

Ao longo da nossa Convenção, nós descobrimos que o Faraó está dentro de nós e não fora. Ele recebeu seu primeiro golpe com o fato de que estamos desapontados com os resultados da Convenção. Nós pensávamos (nós sendo o Faraó) que receberíamos algo dentro de nós, mas nós não recebemos nada. Este é o primeiro golpe do Faraó, o nosso egoísmo. Nós descobrimos que não receberemos nada dentro do nosso desejo egoísta.

Agora, nós temos uma maior capacidade de dizer em quais qualidades a espiritualidade deve ser revelada dentro de nós. Nós temos um melhor entendimento de que isso não acontecerá dentro do Faraó, e sobre o que significa pensar no Superior. Significa não pensar em si mesmo. Por enquanto, cada um de nós simplesmente agita-se impaciente: quando o milagre acontecerá e nós receberemos tudo neste mundo, juntamente com o mundo espiritual – dentro de nós! Agora nós temos um novo sentimento da necessidade de nos separarmos daquilo que nos traz decepção, e este é o começo da rejeição do egoísmo.

Nós pagamos um preço alto por esta lição, mas custa muito mais que isso. É exatamente a decepção, o golpe no nosso amor-próprio, no nosso egoísmo, em nossas esperanças de receber, a maior aquisição que poderíamos desejar, e eu sou dominado por uma alegria ao ver egoístas decepcionados.

Agora você só deve perceber o que aconteceu consigo. Dependendo da preparação de cada pessoa, uma parte de você percebe isso mentalmente, e uma parte ainda experimentará várias decepções em suas sensações, e depois você perceberá isso. De qualquer forma, haverá uma conclusão: a pessoa não se ligará inseparavelmente ao seu egoísmo. É exatamente este golpe nas nossas esperanças egoístas e injustificadas que nos ajudará a começarmos a nos afastar disso (o Faraó)!

É possível que ainda precisemos experimentar mais golpes, mas eles já estarão indo na mesma direção que nós adquirimos nessa Convenção. Talvez nós sejamos capazes de passar por eles não apenas nas Convenções, mas dentro da nossa conexão virtual diária, na sensação de que acabamos de adquirir juntos. Por enquanto, vamos realmente desejar apenas uma coisa: rejeitar o nosso egoísmo, que é o único mal que existe, e ascender do nosso “eu” até a qualidade de doação.

O Criador nos trouxe este grande presente! Não há outro além Dele! Escreva-me e faça perguntas nas aulas. Eu não menti para você, mas ao seu egoísmo.

Com amor para você,
Dr. Laitman