A Verdadeira E A Falsa Liberdade

Dr. Michael LaitmanNeste mundo, nós temos uma única ação livre em nossa vida, e o restante se desenrola de forma totalmente inevitável, sob as ordens do Alto. Mas não é fácil encontrar essa liberdade que nos foi deixada, visto que somos estritamente governados pelo Alto através da dor e do prazer, estando amarrados por milhares de cordas que controlam nosso desejo, pensamento, corpo, palavras e atos.

Nós somos fantoches obedientes que estão sendo puxados por essas cordas a partir do Alto. Nós somos escravos completos em relação à nossa natureza, desde o momento em que somos células de um embrião em desenvolvimento no útero da mãe, até a idade em que pensamos que estamos finalmente em condições de agir e viver de forma independente.

O homem é governado pelas forças da Natureza; por isso, se tudo é Natureza, como pode surgir algo novo nele? Portanto, não há livre-arbítrio neste mundo. A pessoa sempre escolhe o que lhe agrada mais e foge do sofrimento como qualquer outra criatura, seja ela vegetal ou animal.

Apesar desta liberdade ilusória com a qual o homem foi inicialmente agraciado (visto que pensamos que podemos fazer o que quisermos!), ela ainda é uma ilusão. A verdadeira liberdade consiste em sair e elevar-se acima da nossa natureza, o que significa sair fora e elevar-se acima do egoísmo.

Está escrito na Torá que esta é a “liberdade do anjo da morte”. Ninguém pode ignorar tais palavras! Liberdade da morte não significa que o nosso corpo animal viverá para sempre, definhando infinitamente nessa vida corpórea cheia de dor e com tão pouco prazer de desfrutar.

A liberdade do anjo da morte substitui essa vida com a realização da existência mais confortável e perfeita, que é eterna e completa ao mesmo tempo! E isso pode ser alcançado por aquilo que chamamos de “livre-arbítrio”.

Essa liberdade torna-se verdadeiramente atraente e desejável, pois na vida cotidiana, nós geralmente não precisamos de qualquer liberdade, e ficamos muito satisfeitos quando a vida se mantém firme como um relógio bem afinado: casa, família e trabalho. Quanto menor a liberdade, menor a dor de cabeça. Mas se pudermos alcançar a vida eterna e a perfeição, tendo nos libertado do anjo da morte, o que pode ser melhor?

Além disso, é preciso compreender que o anjo da morte é o nosso próprio ego, que está escavando nossa sepultura. Isso nos dá um sentimento horrível de que é impossível satisfazer-se e que a vida é limitada e transitória.

A liberdade do anjo da morte significa a realização da doação, sua satisfação infinita e a participação no fluxo da vida eterna. Sabendo disso, vamos tentar esclarecer a partir dos escritos dos Cabalistas: Como podemos alcançar essa liberdade?

Da 4ª parte da Lição Diária de Cabala 15/1o/10, “A Liberdade”