Uma Pessoa No Caminho

Recebi uma pergunta: O que são as três linhas?

Minha resposta: A linha esquerda é o desejo não corrigido que primeiro precisa ser restringido (Tzimtzum Aleph). A linha direita é a força da doação, a força da Luz. E a linha média é o resultado do trabalho de combiná-las, conectando as duas linhas.

Todo nosso trabalho está situado na linha média, e todo material Cabalístico fala sobre isso. As linhas direita e esquerda nos são dadas desde o Alto, da natureza ou o Criador. Se nós não trabalharmos na linha média, nós permanecemos como animais, agindo pela compulsão desse dois governos: a linha direita e a linha esquerda. Porém, quando recebemos a primeira fagulha desde a linha média, chamada o ponto no coração, é uma oportunidade, um convite, para obter o controle sobre nossas vidas, e parar de andar como um cavalo, manobrado desde cima pelos dois governos.

Nós precisamos assumir esses governos e nos tornar “humanos”. O ponto no coração é o começo do humano dentro de nós que irá governar o animal, e levá-lo à semelhança com o Criador. O trabalho espiritual consiste somente em conduzir a si mesmo, desde dentro do ponto no coração, para a união com todos os demais.

Então, nós associamos todas nossas qualidades como condições que nos foram dadas desde o Alto. Nós não mais nos identificamos nem com nosso corpo e suas qualidades inerentes, nem com a Luz, dada a nós para corrigir esse corpo. Isto é, nós associamos essas duas linhas, a direita e a esquerda, como a perfeição criada pelo Criador, como um convite concedido por Ele para começarmos a nos construir a nós mesmos.

Eu não estou mais preocupado, alegre, ou angustiado sobre as linhas esquerda ou direita, ao invés disso eu associo os estados que me são dados como uma oportunidade de corretamente combinar essas duas linhas e seguir adiante, conduzindo meu animal e dirigindo-o diretamente para a meta.

A cada momento meu animal se joga desse jeito ou daquele jeito, em uma direção desconhecida para mim. E eu tenho que imaginar a meta para mim mesmo: o Criador, unir-me a Ele, e ser igual a Ele em propriedades tanto mais eu possa imaginar para mim mesmo. Eu tenho que tentar ver meu ambiente como um perfeito e equilibrado sistema, ligado e interconectado com todas as partes em igual e mútua garantia, de forma a ser preenchido pela Luz Superior.

Tendo esclarecido a meta, eu tenho que corrigir meu animal, bem como guiá-lo na direção adequada através dos dois governos. Esse trabalho não pára nem por um segundo. Todo tempo eu imagino a meta espiritual mais claramente e em maiores detalhes, e, consequentemente, em maior confusão, pois a luz só é conhecida através da escuridão. Eu tenho que sempre me esforçar em direção a essa meta, isto é, me estabelecer no sistema geral como um seu componente inseparável.

Desta forma, quando eu leio O Zohar eu preciso agir como um motorista de carro, pressionando o pedal de gasolina, olhando a estrada, dirigindo as rodas, e sentindo os freios, tudo ao mesmo tempo. Da mesma forma, quando eu ouço sobre o que O Zohar fala, eu desejo imaginar tudo aquilo diante mim. Como se eu estivesse num tour, eu tento me mover junto com O Zohar e participar dele.

Em outras palavras, eu quero saber o que é que eu estudo, me conectar com esse material, estar nesse processo. Saber é unir, como está escrito: “E Adão conheceu Eva (seu desejo corrigido)”.