Leo Tolstoy: Sobre Judeus

Laitman_021O que é um Judeu? Esta pergunta não é tão estranha como possa aparentar à primeira vista. Examinemos esta criatura livre que foi isolada e oprimida, atropelada e perseguida, queimada e afogada por todos os governantes e nações, mas no entanto vive e prospera apesar do mundo inteiro.

O que é um Judeu, que não sucumbiu a quaisquer tentações terrenas oferecidas por seus opressores e acusadores para que ele renunciasse a sua religião e abandonasse a fé de seus pais?

Um Judeu é um ser sagrado que procurou um fogo eterno dos céus e com ele iluminou a terra e os que vivem nela. Ele é a nascente e a fonte da qual o resto das nações extraíram suas religiões e crenças.

Um Judeu é um pioneiro da cultura. Desde sempre, a ignorância era impossível na Terra Santa, muito mais que nos dias de hoje na Europa civilizada. Além do mais, naquela época quando a vida e a morte de um ser humano não valia nada, o Rabino Akiva falou contra a pena de morte que é agora considerada uma punição aceitável nos países mais civilizados.

Um Judeu é um pioneiro da liberdade. Nos tempos primitivos, quando a nação foi dividida em duas classes, mestres e escravos, o ensinamento de Moisés proibia manter uma pessoa como escravo por mais que seis anos.

Um Judeu é um símbolo de tolerância civil e religiosa, “Então mostre teu amor pelo estranho, pois tu foste estranho na terra do Egipto”. Estas palavras foram proferidas durante tempos distantes e bárbaros, quando era comummente aceito entre as nações se escravizarem mutuamente.

Em termos de tolerância, a religião Judaica está longe de recrutar seguidores. Pelo contrário, o Talmude prescreve que se um não-Judeu se quer converter à fé Judaica, tem de lhe ser explicado a ele quão difícil é ser um Judeu e que os justos de outras religiões também herdam o reino celestial. Um Judeu é um símbolo de eternidade.

A Nação que nem massacre nem tortura puderam exterminar, que nem fogo nem espada das civilizações foram capazes de apagar da face da terra, a nação que primeiro proclamou a palavra do Senhor, a nação que preservou a profecia por tanto tempo e a passou ao resto da humanidade, tal nação não pode desaparecer.

O Judeu é eterno; ele é a personificação da eternidade.

Leo Tolstoy, 1891