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Uma Deficiência Sem Uma Deficiência

Laitman_170Uma pergunta que recebi: Como podemos sentir a deficiência pela doação se esta deficiência não existe no Criador?

Minha resposta: O desejo do Criador de doar vem da perfeição. No entanto, se nós quisermos permanecer criaturas e divergirmos do Criador, a doação dentro de nós não pode vir da perfeição. Portanto, a nossa necessidade de doação deve vir da sensação de deficiência.

No entanto, a necessidade de amar baseada na sensação de deficiência não é boa, pois parece que eu quero amá-Lo para criar uma situação melhor para mim. Portanto, nós temos que construir dentro de nós uma necessidade que não seja baseada na deficiência, mas sim para estarmos acima de nossa natureza em prol da doação. Assim, o desejo de receber deve permanecer em mim, mas acima dele eu tenho que construir o desejo de doar.

O Criador é perfeito e Seu amor vem da perfeição. O amor da criatura não pode vir da perfeição; então, que tipo de amor é esse? A pessoa precisa atingir a sensação de “uma deficiência sem uma deficiência”, isto é, “um vaso duplo (desejo)”, para que, da mesma forma, o nosso amor venha aparentemente da perfeição. Assim, o nosso amor será realmente puro.

Todo o processo já está determinado pelo estado final – o único estado que existe e que foi criado pelo Criador. No entanto, em relação a nós, ele se desenvolve numa seqüência de estados, como um tapete que estão sendo enrolado escada a baixo em nossa direção.

Da terceira parte da Lição Diária de Cabalá 03/05/10, Artigo “Matan Torah”

Construa-se a Si Mesmo Entre Dois Ímãs

Laitman_160Uma pergunta que recebi: Por que o desejo de receber prazer tem de sofrer tanto e atravessar tantos golpes a fim de se tornar um desejo de doação? Se eu sinto que doar é uma qualidade boa, por que é tão difícil desistir do desejo de receber?

Minha Resposta: Você sente os golpes e as dificuldades porque você se identifica com o desejo de receber prazer e não percebe que ele não lhe pertence. Tanto o desejo de receber quanto o desejo de doar são anjos; são forças do Criador que lhe são enviadas. São duas linhas que vêm até você de Cima. Você precisa se identificar com a linha do meio, que consiste de ambas as linhas. A linha do meio não pertence a nenhuma das duas linhas; é quando você começa a sentir uma nova realidade que é totalmente separada delas, que está acima delas.

As linhas estão lá para ajudá-lo, como dois ímãs distantes exercendo força sobre uma barra de ferro a partir de dois lados opostos. Você está conectado a estas forças para que possa construir a linha do meio como resultado de sua influência. Você não se identifica com nenhuma delas, nem com o desejo de receber prazer nem com o desejo de doar.

O desejo de receber prazer foi criado pelo Criador como “existência a partir da ausência”, ao passo que o desejo de doar, o Próprio Criador, já “existia”. Você não está conectado com nenhum deles, caso contrário você não se tornaria independente. A sua independência vem da construção do seu “Eu” como resultado de ambos.

Então, por que você se sente mal? É isso que o faz abandonar o desejo de receber prazer, de deixar de se identificar com ele, e estar acima dele. Primeiro, os golpes vêm na forma de vergonha e humilhação, para o afastar do desejo de receber porque o faz sofrer. Depois disso, o contrário é verdade: a pessoa quer cultivar um desejo de receber maior, porque ela se constrói a si mesma acima dele, como acima de um ímã.

Da 1ª parte da Lição Diária de Cabala 04/05/10, O Zohar

Amor Que Transforma A Recepção Em Doação

Laitman_166Uma pergunta que recebi: Está escrito que o prazer está na realização das qualidades do Criador. Consequentemente, nós tiramos prazer da recepção?

Minha Resposta: O prazer está em se tornar semelhante ao Criador. A acção em si mesma – recepção ou doação – não importa assim tanto. O objectivo é a adesão ao Criador. Ela é o derradeiro nível que eu estou a tentar alcançar. A adesão é alcançada através da minha doação a Ele e Sua doação dar a mim.

Contudo, para doarmos uns aos outros, nós precisamos receber uns dos outros. Caso contrário, não haverá uma conexão entre nós. De forma que nós tenhamos uma conexão com recepção e doação mútua, nós precisamos do amor mútuo. O amor é o meio. A recepção e a doação são também meios. Todos eles são meios para se alcançar a adesão.

A acção em si mesma não importa. Quando eu amo alguém e esta pessoa me ama, importa se doamos um ao outro ou recebemos? Nós simplesmente gostamos um do outro! A mãe recebe tanto prazer de uma criança que recebe dela. É claro que ela lhe dá, mas ela dá-lhe tanto mais. O que lhe dá ela? Ela exige apenas, grita, e suja fraldas. Todavia ao mesmo tempo, ela dá-lhe a oportunidade de desfrutar. Todos compreendem isto muito bem, não há necessidade de explicar isto.

O mundo espiritual é caracterizado por acções de certa forma similares que nós observamos no mundo material. Contudo, seu significado inteiro reside na intenção: porquê faço eu todas estas coisas. A acção em si mesma, doar ou receber, não importa de todo.

Um exemplo ainda melhor: uma pessoa pega uma faca e corta o estômago de alguém. Sua intenção determina tudo. Se ela o faz pelo interesse de outrem, suas acções são as de um médico; se ela é conduzida por seu próprio interesse, ela age como um ladrão ou um assassino. Esta é toda a diferença.

Uma acção pode apenas ser avaliada de acordo com sua intenção: por que foi ela feita, qual foi seu propósito? Você continua a discutir se recebe ou doa. Qual é a diferença? O que importa é porque é que você o faz, queira você dar prazer ou recebê-lo.

Da 3ª parte da Lição Diária de Cabala 04/05/10, Artigo “Matan Torá”

A Mãe Virá E Alimentará Sua Criança

Uma pergunta que eu recebi: Temos nós de saber qual é a nossa função pessoal no sistema geral, de forma a executá-la correctamente?

Minha Resposta: Você ainda não reconhece suas funções, mas você as conhecerá no decorrer do tempo. À medida que você avança e age com uma maior consciência, junto com os outros, sua conexão com eles, sua função, e a maneira como o sistema inteiro o influencia irão tornar-se mais claras para si.

Você revelará um mundo lúcido, com múltiplas camadas. Além do que você já discerne nele, você irá divulgar a sua profundidade; você irá distinguir forças activas e aprenderá como as desencadear. O ar irá subitamente tornar-se “comprimido” como se estivesse cheio de forças múltiplas, mas você irá saber como as operar.

Você será como uma criança pequena que descobre um novo mundo preenchido de muitas coisas interessantes: ela pode abrir, fechar, e manipulá-las, e ela vê que elas estão todas interconectadas. Lentamente, ela obtém uma compreensão melhor deste mundo. No momento de seu nascimento, a criança não está a par de nada à sua volta, nem pode ver ou escutar. Passado um pouco ela começa a escutar, ver e provar. O mesmo acontece a nós no mundo espiritual.

O que você faz nesse momento é chamado de “força milagrosa” (Segula). Você activa o sistema sem saber como o fazer. Similarmente, uma criança grita e não tem ideia sobre o que a rodeia. Mas o seu grito preocupa sua mãe e promove-a a tomar conta dela.

Similarmente, o nosso desejo, como um grito de uma criança, pode afectar a Mãe Superior (Ima Ilaa), Bina (ela é também chamada Ima – mãe) e, então, ela irá tomar conta de nós. Nós não temos de saber nada mais, similar a quando nós éramos pequenos e não sabíamos o que exactamente deveríamos exigir. Nós não explicávamos à nossa mãe que garrafa ela tinha de tirar do frigorífico e a que temperatura ela tinha de estar aquecida. Nós simplesmente gritávamos! O mesmo acontece na espiritualidade.

Mais tarde os nossos gritos tornaram-se mais intencionais e nós começamos a exigir e ansiar por algo mais concreto. Nós construímos relacionamentos com o Superior e gradualmente desenvolvemos-os cada vez mais.

Palestra em Lag BaOmer 01/05/2010

Alguém Chamou A Ambulância Espiritual?

Physical Qualities Cannot Give You an Advantage In Spiritual DevelopmentNão me faltam problemas na vida. Às vezes parece que eu estou tão doente e cansado de tudo, não tenho desejo para nada. Portanto, eu tenho que deixar de lado, por  um momento, tudo o que é animalesco e terreno, e discernir a coisa mais importante: quais são as minhas atuais relações com aqueles que me rodeiam? Eu os odeio, eu não me importo com eles nem um pouco, eles também poderiam desaparecer de uma vez por todas… Esse negativismo, que eu aspiro em relação ao ambiente, é a minha inclinação ao mal.

Ele está sendo expresso como resultado da quebra de nossas almas: nós estávamos unidos, mas agora estamos descobrindo o inverso: a desconexão total. Esta descoberta é extremamente importante; é o que eu preciso. Não devo descartar esses momentos negativos, mas juntá-los. Eles me mostrar o quanto eu odeio os outros, e é maravilhoso que isso esteja sendo revelado! Sim, eu os odeio e os desprezo, eles fazem mal ao meu estômago, nós estamos perplexamente distantes uns dos outros – e isso é maravilhoso. Agora eu tenho a oportunidade de começar a correção.

Assim, eu começo a me mover em direção a eles. Eu me esforço, participando do estudo e da disseminação, a fim de sentir, pelo menos, algum tipo de conexão, curvando-me em qualquer lugar que posso. Se hoje eu sinto que sou incapaz até mesmo de olhar para os meus amigos, então eu tenho que realizar algum tipo de trabalho mecânico que beneficie a meta, até que eu volte gradualmente ao fluxo geral.

Qualquer pessoa pode cair num estado do qual não possa levantar-se sozinha. É por isso que ela é simplesmente obrigada a receber o apoio de seu grupo e da nossa comunidade mundial, como alguém que perdeu a consciência e precisa de ajuda externa.

Por sua parte, os grupos devem identificar esses casos e imediatamente oferecer situação de emergência, ajuda profissional às “vítimas “, como médicos que salvam a vida espiritual do paciente. Ao fazer isso, nós não “exterminarmos” o mal da pessoa, mas oferecemos suporte, a fim de despertá-la e trazê-la para a linha média, que vai construí-la. Então, todo o mal se transformará em bondade.

De 5ª Lição, Convenção Mundial do Zohar 08/05/10