Textos arquivados em ''

Não Há Espaço Vazio, Tudo é Preenchido Com Desejos

Dr. Michael LaitmanUma pergunta que recebi: Se eu odeio o “Egipto” dentro de mim, como eu lido com isto, uma vez que ele também é uma parte de mim?

Minha Resposta: O mundo inteiro é uma parte dentro de mim. Eu preciso examinar com que desejos, aspirações, inclinações e forças eu posso trabalhar agora para avançar à meta; e que desejos, pensamentos, e qualidades eu preciso abandonar, separar-me, de forma a chegar mais perto da meta. Eu preciso elucidar o que quero afastar e o que quero aproximar. O meu movimento é determinado por aquilo que eu me separo, e o que eu me conecto.

Uma vez que estamos a falar sobre todo o nosso desejo comum, com o qual eu não sei o que fazer, eu preciso de clarificar com quais desejos eu desejo me unir e com quais não. Nosso quadro do mundo espiritual, o qual nós imaginamos para nós mesmos, parece similar ao nosso mundo, onde nós nos movimentamos de um objecto ou lugar para outro. Contudo, no mundo espiritual, eu existo dentro de um enorme desejo compreendido de muitos desejos diferentes. Eu estou situado num lugar preenchido com desejos que não ocupam espaços vazios entre eles. Não há qualquer espaço sem desejos. Desta forma, enquanto eu estou no extremo mais profundo deste campo de desejos, em que, excepto eles, nada existe, eu simplesmente preciso de classificar esses desejos: com quais desejos eu me conecto e com quais não. Isto é chamado de movimento.

Afinal, toda a realidade é um desejo, uma Sefira, dentro da qual eu existo. Não há nada mais. Existem alguns desejos com os quais eu estou mais conectado, e outros com os quais estou menos conectado, e alguns desejos eu rejeito. Isto é o movimento no mundo espiritual. À medida que eu clarifico mais e mais desejos e me uno com eles, isto é uma “ascenção.”

Eu existo entre todos esses desejos, dentro da matéria em que fui colocado juntamente com uma pequena centelha de Luz. Esta centelha permite-me analizar os desejos. Todo o nosso trabalho consiste em clarificar os desejos dentro dos quais nós existimos: que desejos posso eu usar em prol da doação e quais desejos eu sou incapaz de usar em prol da doação e preciso recusar usar.

Afinal, nós não podemos sair deste campo de desejos; não há um espaço vazio entre eles. Espaço livre é o que nós chamamos um desejo que não é claro, que não foi elucidado, o qual você não vê e não pode fazer nada nele.

Da 1ª parte da Lição Diária de Cabala 20/04/10, O Zohar

Quando O Ódio É Benéfico

O Zohar, Capitulo “Shemot (Êxodo)”, item 250: E quando o Criador viu a grande alegria deste mundo, quando este melhorou para ser como acima, Ele disse: “Que as doze tribos não se misturem com o resto das nações, deixando um defeito em todos os mundos”. Que fez o Criador? Ele sacudiu todos para lá e para cá até que descessem ao Egipto para habitar em suas moradias dentro da nação obstinada, que despreza seus costumes e os degrada ao não se casarem com eles ou se misturarem com eles, e ao considerá-los escravos. Os homens ficaram aborrecidos com elas e as mulheres ficaram aborrecidas com eles até que tudo foi melhorado pela semente sagrada sem se misturar com estrangeiros….

Há uma análise do estado de uma pessoa à medida que ela tenta livrar-se do egoísmo, e depois há a análise do seu estado quando ela deseja permanecer no (adaptar-se ao) seu egoísmo. Se eu desejo permanecer no meu egoísmo, o egoísmo empurrra-me através do seu ódio por mim, pois sente dentro de mim o ponto no coração que é oposto a ele. Como está escrito: “O Faraó trouxe a nação de Israel para mais perto [via a opressão apontada] de Israel”, e “Eu criei o ego como uma ajuda contra ti”. Ele opõe-se a si, e precisamente nisto está a sua ajuda.

Da mesma forma, quando o governo Soviético impulsionou uma rígida agenda anti-Sionista nos anos 60-70, ao fazer isso, ele na verdade impulsionou o Sionismo. São precisamente as forças do mal (o lado inverso do Criador) que ajudam a elucidar o mal, e não o Criador ou a Luz Superior, aberta ou directamente.

[Leia mais →]

O Campo Das Intenções

Laitman_728_01Uma pergunta que recebi: Existe a intenção pessoal e a intenção do grupo. Qual deve ser a intenção do grupo durante o estudo do Zohar?

Minha Resposta: Ela deve ser a mesma. A intenção do grupo não pode ser diferente. O grupo é a soma total dos indivíduos no grupo; ele só amplifica a intenção individual de todos.

Eu tenho de me conectar com outros porque a minha intenção não transporta qualquer poder para atrair a Luz que Corrige. Esta Luz revela para mim tudo o que eu leio em O Zohar. Se meus amigos me transmitissem suas intenções, e suas intenções se unissem dentro de mim, eu revelaria imediatamente a essência interna da história que eu leio em O Zohar. Isso aconteceria instantaneamente.

O problema é que eles não desejam transmitir-me suas intenções, da mesma maneira que eu sou incapaz de lhes transmitir a minha. Talvez eu esteja a falar sobre ela, mas isso não me incomoda tanto assim.

Aqui reside a essência da unificação. Ao me unir com outros, eu recebo suas intenções. Sozinho, eu não posso revelar nada. São as intenções que nós recebemos um do outro, nada mais. É apenas através da teia de intenções que eu me posso conectar com outra pessoa, e esta intenção ocorre apenas quando eu estou pronto para fornecer aos outros a energia da vida para que eles vivam na espiritualidade.

Ao pensar desta maneira, eu passo minha intenção para todos. Eu uno-me com os outros numa rede de um organismo vivo e então isso torna-se vivo. Eu dou-lhe vida. Então cada um dos meus amigos possui uma força de vida, uma vez que cada um deles tem a oportunidade de passar a Luz adiante.

A força da vida ou a Luz existe entre nós. Nós só podemos revelá-la de acordo com nossa intenção, nossa atitude um com o outro.

Isso pode ser comparado a um campo electromagnético. O campo não pode ser identificado sem um circuito eléctrico com seus condutores, o qual permite à corrente eléctrica fluir na rede, movimentar-se e executar o trabalho no campo magnético. Um condutor de metal movimentando-se no campo magnético passa corrente eléctrica; electrons livres movimentam-se nela. Estes são exactamente os mesmos processos.

Da 1ª parte da Lição Diária de Cabala 18/04/10, O Zohar

Lógica Superior

Laitman_144Uma pergunta que recebi: Qual é a lógica na “fé acima da razão?”

Minha Resposta: A “fé acima da razão” tem a lógica do Superior. A lógica do inferior é quando eu vejo o mundo através da minha mente e sentimentos. É assim que eu vivo. Eu progrido ao longo de uma superfície plana, apenas no meu nível, e eu nunca posso subir mais alto. Isto é chamado “fé abaixo da razão,” ou “fé dentro da razão”. A fé não determina as minhas acções; a fé, que é a propriedade de doação, não está acima da razão.

Na “fé acima da razão,” é como se eu tirasse os meus óculos e não visse nada excepto o Superior. Eu estou pronto para me juntar ao Superior no que quer que Ele deseje. Eu quero adquirir Sua sensação e conhecimento pela força de adesão a Ele. Com esta acção eu estou disposto a me anular completamente a mim mesmo, abrir mão de minhas “definições”.

Quando eu adquiro o Seu grau, eu recebo Sua fé (Sua propriedade de doação) e conhecimento, que são mais elevados que os meus. Através da força de uma maior doação eu também adquiro conhecimento superior. Isto é chamado “fé acima da razão anterior”. Desta maneira eu alcanço o grau superior.

Desta forma, aqueles que agem pela “fé acima da razão”, na verdade acrescentam conhecimento, uma vez que eles têm novos recipientes (vasos) de percepção. É por causa do conhecimento (realização) que a Luz de Hochma espalha-se apenas na Luz de Hassadim (doação, fé).

Ao passo que aqueles que não podem se elevar acima de sua razão na mente animal, seguram-se ao seu estado atual, não desejando nada mais; eles não podem cancelar sua opinião perante um nível superior, perante um professor. Assim eles não irão alcançar nada, e permanecerão “animais”. Eles serão “espertos e razoáveis” dentro dos limiares de suas mentes, mas não irão sequer entender que existe uma sabedoria superior. Afinal, uma sabedoria superior parece sempre carecer de qualquer fundamento atual.

Da 1ª parte da Lição Diária de Cabala 14/04/10, O Zohar

“O Mundo Foi Criado em Dez Pronunciamentos”

Laitman_712_03O Zohar, Capítulo “Shemot (Êxodo)”, item 249: O mundo foi criado em dez pronunciamentos. Mas quando você observa, ele foi criado com apenas três: Hochma, Tevuna e Daat. E o mundo foi criado apenas para Israel. Quando o Criador quis sustentar o mundo, Ele agiu por Abraão em Hochma, por Isaac em Tevuna, e por Jacob em Daat. Isso é considerado: “E com o conhecimento são preenchidas as câmaras…”.

Existe uma força superior que nos revela toda a realidade, que desce de HBD (Hochma, Bina, Daat) ao longo de três linhas. Esta é a forma como o Criador influencia-nos de cima.

E nós, por sua vez, devemos assumir uma forma idêntica abaixo. Assim, entenderemos a natureza dessa influência e de que modo podemos senti-la; de que modo podemos nos equivaler e nos fundir a Ele.

Da 1ª parte da Lição Diária de Cabalá 18/04/10, O Zohar