Nossos Desejos Não Nos Pertencem

Dr. Michael LaitmanUma pergunta que recebi: Como posso eu, simultaneamente, satisfazer o meu desejo de receber prazer, e identificar-me com o Criador? Um contradiz o outro.

A Minha Resposta: Você deve compreender que o desejo de receber prazer se origina de duas qualidades: doação e recepção.

Se a pessoa existe apenas dentro de uma das propriedades, então ela é “escrava”, e, nesse caso, nem sequer compreende suas acções. Tal como qualquer pessoa “da rua” que simplesmente segue os seus desejos como qualquer outra o faz, ela acredita que eles lhe pertencem por toda a sua vida inteira, até que ela morra.

O desejo do Criador é estar sempre satisfeito, até que a pessoa alcance a condição sob a qual um novo desejo, o desejo de doar, emerja entre os seus outros desejos comuns. Apenas depois do surgimento deste desejo de doar é que a criação começa a sentir o Criador.

A mesma coisa acontece a nós; nós começamos a sentir que além das nossas acções há também Alguém que age de dentro de nós. Essas duas sensações permitem-me entender que os meus desejos não são realmente meus, mas pertencem a Ele, e que é Ele quem coloca Sua mão sobre mim e faz todos os tipos de mudanças dentro de mim, às quais sou forçado a seguir obedientemente.

Neste ponto, eu começo a relacionar-me ao meu presente estado sob dois pontos de vista:

1. Reconhecendo que Ele age dentro de mim, que é o que eu chamo “minha natureza”.

2. Procurando por: Qual é a intenção Dele? O que Ele quer? Por que Ele me faz isto?

Por outras palavras, no fim do primeiro estado (Alef), nós começamos a sentir Alguém que criou; começamos a sentir a raiz ou estado zero (Shoresh). Neste ponto, a fase Alef está disposta a se transformar a si mesma no estado Bet (o segundo estado), que é o estado de dar, doar.

Agora, todos nós estamos na fase de transição de Alef para Bet. Completar a transição depende do grau em que sentimos o Criador que age dentro de nós. Deste momento em diante, eu tenho de me aperceber que todos os nossos desejos não são verdadeiramente nossos. Quando eu sinto que “Eu tenho sede”, eu devo imediatamente me aperceber que “isso é falso! Não sou eu quem tem sede!”.

Isso significa que em cada nível eu me elevo acima do meu desejo, e me conecto ao Criador que está presente dentro dos meus desejos. Eu elevo-me acima dele e faço um esforço para perceber o que Ele quer de mim. Posteriormente, eu posso fazer o que quiser com os nossos desejos, mas apenas depois de os observar, percepcionar, chegar a esta decisão, e então continuar.

Eu desenvolvo o sentimento de que é o Criador que inicia os meus desejos dentro de mim, e eu sou simplesmente o que os segue automaticamente. Isto deriva do meu entendimento de que Ele está presente dentro de mim, e é Ele que instiga os meus desejos e então os satisfaz.

“Onde estou eu neste quadro?”. É assim que a pessoa começa a compreender a sua vida em toda a sua cumplicidade, apercebe-se que não pode ser julgada ou recompensada, e que não há nem inferno ou paraíso para ela, de modo algum.