Textos arquivados em ''

O Obstáculo Entre Nós e O Zohar

clip_image001Uma pergunta que recebi: Porque O Zohar é tão difícil de compreender? É devido à nossa incompreensão do texto, ou a nossa falta de sentimento e incapacidade de nos desapegarmos do nosso mundo familiar?

A Minha Resposta: Há apenas uma dificuldade: a necessidade de se submeter à cirurgia sem anestesia, com total consciência e desejo. Temos de atravessar um transplante cirúrgico que irá extrair o nosso coração e mente egoístas e implantar amor por todos, juntamente com pensamentos apenas sobre isto.

Faça o Quiser, Só Não Se Vá

leaveUma pergunta que recebi: Durante a lição do Zohar sinto-me jogado de um lado para outro como um barco numa tempestade. Às vezes sinto-me bem com isso, e outras vezes sinto muito medo. Isso é bom para mim, ou pelo contrário?

Minha Resposta: Temos de compreender que não há conexão entre o que lemos, o que sentimos, ou o que de facto se passa dentro de nós. Durante a lição, O Zohar funciona em nós como se estivéssemos a pressionar botões num dispositivo cujas funções não entendemos. É como uma criança, por exemplo, que agarra um celular do bolso de seu pai, brinca com os botões, e acidentalmente liga a alguém ou envia uma mensagem. Do mesmo modo, quando lemos O Zohar, nós pressionamos “botões” sem compreendermos que forças induzimos. Portanto, as reacções que nós sentimos como resposta não são de todo conectadas com as nossas acções iniciais.

Podemos pensar nos nossos amigos, no mundo inteiro e no Criador com amor, e de repente afligimo-nos com a preocupação oposta, perguntando: “Por que estou eu ainda a tentar fazer isto?”. Ou pode ocorrer o inverso, onde culpamos o Criador, o grupo, e a nós mesmos, mas de repente surge  uma coisa boa que nós sentimos que não a merecemos.

O Zohar fala-nos como um pai falaria a uma criança que não entende o que lhe está a ser dito. O pai sabe tudo sobre a criança, mas ela não entende nada sobre o pai. Na espiritualidade estamos ao nível de uma criança. É por isso, que não devemos tirar conclusões baseadas nas nossas sensações, uma vez que elas não estão correctamente conectadas.

Pode ser que nós pensemos que tudo está uma bagunça e sintamos apenas problemas e confusões, quando, na realidade, tudo está perfeitamente organizado. Temos de estar conscientes de que, independentemente do que aconteça, continuamos os nossos estudos, até que a libertação venha. Somos aconselhados a evitar preocuparmo-nos com algo que ocorra ao longo do nosso caminho, e está escrito: “Faça o que quiser, mas não se vá”.

Nós precisamos de um certo grau de persistência, dedicação e paciência no nosso caminho espiritual. O Baal HaSulam escreve no “Prefácio ao Estudo das Dez Sefirot“, que “Só os heróis que possuem verdadeira paciência conseguem subir a montanha e entrar no palácio do rei”. Assim, temos de permitir que O Zohar nos influencie por meio da Luz Circundante.

Esteja Acima de Si Mesmo

clip_image001Bom, mau ou indiferente – não importa como nos sentimos durante a leitura do Livro do Zohar. O mais importante é continuar o nosso esforço, independentemente daquilo que se pode ou não sentir. Se o deixarmos verter em nós mesmos como uma infusão, então irá fazer o seu trabalho dentro de nós.

Nós nos elevamos acima das nossas impressões egoístas ao não prestar atenção ao que o nosso desejo egoísta sente. Quer estejamos num estado de medo ou de alegria, quer nos sintamos irritados ou confusos, estamos acima dele. Por outras palavras, uma coisa não depende da outra e nós continuamos a trabalhar, apesar do que sentimos.

O Criador intencionalmente treina-nos através do nosso egoísmo e do desejo por prazer. No entanto, temos de superar constantemente essa sensação e continuar a andar pelo caminho como se nada tivesse acontecido.

Temos de dizer ao Criador, “Não são os Seus presentes que são importantes para mim; é Você que eu preciso! Não me confunda com todas as outras sensações!”. Somente este tipo de persistência renderá resultados.

Nós Precisamos Apenas de Paciência

clip_image002Quando lemos O Livro do Zohar, temos de exigir a elevação espiritual. A exigência pode ocorrer até através da nossa sensação de estarmos perto deste livro, o sentimento de que o valorizamos, que queremos que ele brilhe sobre nós e execute as mudanças dentro de nós.

Por vezes este sentimento é muito difícil de alcançar; ele vem apenas após algumas horas de estudo. Independentemente, ele ainda assim tem um grande efeito quando constantemente aplicamos esforços para tentar sentir as palavras do texto dentro de nós. Como resultado, despertamos a Luz que Corrige. Gradualmente, o nosso esforço acrescenta e a lei do “Eu trabalhei e encontrei” entra em vigor. Nós precisamos apenas de paciência, pois nada mais irá ajudar.

A Dor Curativa do Terceiro Dia

clip_image001O Zohar, Capitulo “Miketz.” Item 161: “E ele colocou-os todos juntos na prisão por três dias”. Estes três dias correspondem aos três dias de Schechem, como está escrito, “E aconteceu no terceiro dia, quando eles sentiam dor”.

O terceiro dia está sempre conectado à dor. Ele é o dia mais difícil no processo da correcção, pois é o dia em que ocorre a inclusão mútua das linhas direita e esquerda. Não é como o primeiro dia, que é todo acerca da linha direita e quando nos armamos a nós mesmos com o poder de doar, nem é como o segundo dia, que é todo acerca da linha esquerda, em que verificamos quais das suas partes podemos nós conectar ao desejo de doar. O terceiro dia é sobre a inclusão recíproca de uma propriedade na outra, que resulta na criação de uma propriedade nova e intermédia.

A inclusão reciproca existe apenas na espiritualidade; ela nunca acontece no nosso mundo. Neste mundo existe apenas um tipo de conexão – quando dois objectos se unem. Por exemplo, o primeiro objecto contribui com seu intelecto, ao passo que o outro doa as emoções. Eles conectam-se e reabastecem-se um ao outro. Isto acontece porque no nosso mundo tudo possui apenas uma propriedade – o desejo de receber. Desta forma, toda a inclusão no nosso mundo ocorre apenas dentro desta única propriedade, que assume vários aspectos e formas.

A inclusão mútua na espiritualidade, contudo, significa que algo totalmente novo surge – uma terceira entidade compreendida das duas primeiras. Isto é, na verdade, um fenómeno completamente novo que não existia previamente. Este “algo” é chamado a Alma, o Humano, ou Adam.

Tudo Consiste das Mesmas Dez Sefirot

clip_image001O Zohar, Capitulo “Miketz.” Item 178: O Criador fê-lo para que o homem se fortalecesse na Torá, e para que percorresse o caminho da verdade em direcção ao lado direito, e não ao lado esquerdo. E porque as pessoas precisam caminhar para o lado direito, elas devem aumentar o amor entre elas. Isto porque o amor é considerado “direito”, e não haverá ódio entre umas e outras, que é considerado esquerda, para não enfraquecer a direita – o lugar no qual Israel se apega.

Este parágrafo parece falar sobre a vida numa sociedade ou grupo corrigido, mas ainda temos de decifrar o que significa isso, através dos nossos discernimentos internos. Não há diferença quando O Zohar fala sobre uma assembléia aparentemente externa de pessoas ou sobre uma reunião de qualidades internas da nossa alma. É a mesma coisa, dado que tudo consiste das mesmos dez Sefirot. Todos nós contemos o recipiente (vaso) da nossa alma comum (Adam Rishon) e os mesmos estados internos das dez Sefirot existem em cada um de nós.

É por isso que por vezes O Zohar usa definições internas quando descreve as nossas propriedades ou quando nos conta sobre como o grupo deve ser; por vezes ele descreve apenas uma pessoa, ou animais. Devemos tentar ver múltiplos níveis ao mesmo tempo: o nível interno da nossa alma, o nível do nosso grupo e a nossa conexão com os amigos, e o nível de toda a humanidade. No futuro, todos estes níveis se irão unir.

A Noite é a Hora do Trabalho

clip_image001O Zohar, Capitulo “Miketz,” Item 33: “Aqueles que esperam Sua misericórdia” . “Aqueles que esperam Sua misericórdia” são os que se empenham na Torá à noite e se associam com a Divindade. E quando chega a manhã, eles esperam Sua misericórdia.

O Zohar também fala sobre isto no artigo, “A Noite da Noiva“. Ele descreve todos os dias do exílio como uma noite escura, durante a qual preparamos os nossos desejos (Kelim) para a conexão entre o Noivo e a Noiva que irá ocorrer na manhã.

Todos os que se preparam para este encontro são chamados os moradores do palácio do Rei. O momento em que eles completam a construção do pálio matrimonial (Huppah, simbolizando uma tela e a Luz Reflectida), o Criador (Zeir Anpin) une-se com Sua Shechina, que é a união de todas as almas. Este é o recipiente (vaso) para a recepção da Luz. Então, a Noiva une-se com o Noivo; os dois complementam-se mutuamente e alcançam um estado de perfeição e paz.

Quando a pessoa se empenha na Torá à noite, um fio de misericórdia estende-se sobre ela durante o dia….

É impossível empenhar-nos na Torá durante o dia, porque o dia é quando acontece a unificação. Nesse ponto, tudo é revelado e não há mais trabalho a ser feito. O nosso trabalho reside em exercitar a nossa liberdade de escolha, quando na verdade nós já existimos no estado perfeito. Nós só precisamos o “preferir”, isto é, escolher o dia sobre a noite.

Quando decidirmos que a doação é o dia, iremos revelá-la como sendo o dia. Através da Luz Reflectida, despertamos o dia e a Luz, em vez da escuridão. É por isso que todo o trabalho ocorre à noite; porque toda a nossa escolha e esforços estão concentrados lá. Não há trabalho que possa ser feito durante o “dia”.

Vendo o Mal Como Bem

clip_image001[6]O Zohar, Capitulo “Ki Tissa,” Item 16: “Todos os que estão em cólera contra você serão envergonhados e desonrados”. O Criador está destinado a fazer para Israel todo esse bem, que Ele disse através dos profetas da verdade, e pelo qual Israel sofreu grandemente no exílio. Não tivesse sido por todo esse bem que eles esperam e vêem, que está escrito na Torá, eles não seriam capazes de tolerar e suportar o exílio.

Isto significa que a pessoa ganha um desejo maior pela correcção, chamado “Isra-el” (directamente ao Criador), ao antecipar a bondade e a abundância que virão mais tarde. Além do mais, o seu desejo cresce ainda mais forte quando ela ganha uma conexao inicial com essa bondade.

No nosso mundo, a pessoa tem vontade de saber que irá receber uma recompensa futura por seu sofrimento. Mas, na espiritualidade, esse não é o caso. Lá, a pessoa não recebe alivio psicológico ao pensar que o mal se transformará em bondade. Aquele que estuda a Cabalá relaciona-se a isto diferentemente. Quando a pessoa está no caminho da verdade, ela sabe que o mal está lá para ajudá-la a alcançar a bondade. Ela vê que o mal está, na verdade, dentro dela. e ela tem de corrigí-lo, em vez de simplesmente enfrentá-lo. Então, em vez do sentimento do mal, ela sente bondade.

Uma pessoa não espera um golpe de sorte para seguir um ruim, mas sabe que o “golpe de má sorte” que experimenta é a revelação do mal dentro dela, que ela tem de revelar e, então, corrigir. Desta maneira, ela alcança a bondade interiormemente. Não é que o sofrimento ocorra num lugar e a recompensa apareça noutro, ou que ela faça um esforço ali e receba o pagamento acolá. Em vez disso, ao levar a cabo a correcção, ela transforma a “inclinação ao mal” na “inclinação ao bem” – e essa é a recompensa.

É por isso que a pessoa se rejubila quando os “ímpios são revelados” – porque isto lhe dá algo sobre o que trabalhar e corrigir. É graças a este trabalho que ela alcança a espiritualidade, o Criador, a propriedade de doação. Todavia, tudo acontece no mesmo lugar: no desejo de desfrutar.

O Que As Palavras Não Podem Transmitir

clip_image001A coisa mais importante no estudo da Cabalá são os nossos sentimentos. É impossível para nós revelar uma impressão espiritual dentro dos nossos sentidos externos e terrenos. Esta só pode ser sentida dentro dos nossos recipientes (vasos) internos da alma, os Kelim.

Os livros Cabalísticos usam a linguagem dos ramos, em que cada palavra aponta e está conectada à sua Raiz Espiritual Superior. Cada raiz espiritual tem o seu ramo correspondente no nosso mundo; contudo, a própria palavra relacionada não é capaz de transmitir um sentimento. Isto porque precisamos, na verdade, estar no próprio sentimento.

Uma palavra representa um recipiente (vaso) e seu preenchimento. Este é o esqueleto do Kli, ou seja, a tela e a Luz Reflectida, e um estado dentro dele, que é o nome de quatro letras do Criador, HaVaYaH.

Nós construímos palavras e frases a partir de “pedaços” chamados “Taamim” (sabores), “Nekudot” (os pontos por baixo das letras), “Tagin” (pequenas coroas acima das letras), e “Otiot” (letras). Isto permite-nos,  de alguma forma, descrever estados espirituais, conexões, relações, e todo o processo de transição entre os estados.

Todavia, não podemos transmitir os próprios estados, pois cada um de nós tem um recipiente (vaso) único de compreensão. A única coisa que podemos transmitir uns aos outros é a informação externa sobre a preparação do recipiente (vaso) espiritual e o nível de conexão entre as forças. Porém, somos incapazes de transmitir os próprios sentimentos. Desta forma, cada um de nós deve “visualizar” (sentir no seu coração) internamente as acções que são descritas pelas palavras.

Nós Podemos Reduzir o Sofrimento do Nosso Nascimento Espiritual

feelyoursoulO Zohar, Capítulo “Ki Tisa“, item 24: “Como quando a mulher grávida está próxima do parto, ela se contorce e grita nas dores do parto”, pois é da natureza da mulher grávida esperar nove meses completos.

Isso fala sobre o fato de que leva tempo para nós sentirmos todo o mal contido dentro de nós. No início, nós simplesmente começamos a sentir isso levemente, mas isso não significa nada. Cada estado tem que atravessar quatro fases, até que nós o alcancemos plenamente, junto com sua raiz, e decidamos que isso não é algo acidental ou temporário, mas é o mal desde o início, na própria raiz, e cheguemos à conclusão de que temos que nos livrar dele. Só então é que temos o poder de erradicar o mal.

Mas existem muito poucos no mundo que atravessam apenas um ou dois dias do nono mês, enquanto todas as dores e sofrimentos da gestante estão no nono. Assim, mesmo que ela só atravessasse um dia do nono mês, considera-se como se todo o nono mês tivesse passado por ela.

Aqui O Zohar fala sobre a revelação do mal, o exílio e a redenção. Ele diz que não temos que esperar o fim dos 6000 anos, se já sentirmos que começamos o nono mês de “gestação” e as dores do parto do exílio. Isto significa que já somos capazes de concluir todo o processo de correção.

Assim é Israel: uma vez que eles provaram o sabor do exílio, se eles se arrependerem, considera-se como se tivessem experimentado todos os problemas que estão escritos na Torá, especialmente porque eles tinham experimentado dores diversas, desde o início do exílio.

Está dizendo que a duração do exílio não depende do tempo. Isto é, depende do tempo até a marca do “nono mês”. Nós devemos atravessar os “oito meses” de tribulações – isso é certo. Mas quando começamos a sentir até mesmo o primeiro dia do nono mês, a partir daí tudo depende dessa sensação e da nossa plena realização do nosso mal em relação à raiz. Então nós seremos capazes de sair do exílio, porque “considera-se como se já tivéssemos passado por todas as desgraças”.

O período chamado de “os primeiro oito meses” é o período da preparação, o período de exílio que temos que percorrer. Não há nenhuma maneira de evitar ou reduzí-lo. Este foi o período antes do Ari. Do Ari em diante, começou um tempo diferente, que pode ser reduzido quanto mais avançarmos. Isto aumentará as “dores do parto” do nosso desenvolvimento e nos permitirá completar o nosso desenvolvimento muito tempo antes do final de 6000 anos.