Não Mostre a um Tolo um Trabalho pela Metade

chessEu recebo muitas respostas sobre como as pessoas se sentem ao ler O Livro do Zohar. Na ciência Cabalística, a pessoa ensina a si mesma; ela é a criança e o professor ao mesmo tempo.

Nós temos que descobrir um mundo totalmente novo, onde o nosso desenvolvimento começa do zero, a partir da ausência total de percepção. Nós conquistamos uma percepção cada vez maior deste mundo, até que o alcançamos plenamente, e no processo, atravessamos as mesmas fases de desenvolvimento que as crianças: experimentamos confusão, olhamos para o mundo de maneir infantil, e o percebemos de modo estranho ou incompleto, em comparação aos adultos. Nós realmente não entendemos o que fazemos, e de que nos serve tudo isso. Mas, nesse meio-tempo, nós nos desenvolvemos.

Nós precisamos atravessar as fases do desenvolvimento, designadas 0, 1, 2, 3, e 4; quando alcançamos o quarto nível (Behina Dalet), alcançamos a nossa raiz, a causa primordial. Então, nós compreendemos o “porquê e como”. Nós compreendemos o caminho que atravessamos e como temos de reagir a ele. Mas esta realização surge apenas no final.

É por isso que você não mostra a um tolo um trabalho pela metade, visto que na metade ele parece ainda pior que no principio. É semelhante a pedaços de tecido antes de serem juntados num traje, ou um carro que foi desmontado em partes, ou o corpo de um paciente no meio de uma operação. Nós somos incapazes de compreender o resultado final, visto que primeiro desenvolvemos os desejos e as qualidades necessários para perceber  isto. No Item 137 da “Introdução ao Talmud Eser Sefirot” é dito que heróis são aqueles que são pacientes, e eles são os únicos que alcançarão o castelo do Rei e entrarão através de seus portões.

Nós temos que aceitar todos os estágios deste caminho, em que começamos como pequenas crianças, sem qualquer entendimento do que fazemos e do que acontece conosco. Às vezes nós sentimos novas qualidades a surgir dentro de nós, e às vezes sentimo-nos completamente vazios. Através de tudo isso, devemos permanecer pacientes e aspirar o desenvolvimento interior.

A ciência Cabalística é chamada de parte interior da Torá porque fala apenas sobre a pessoa que desenvolve seus próprios desejos. Quando os desejos da pessoa atravessam os quatro níveis de desenvolvimento, no quarto nível ela revela o mundo espiritual. Desta forma, toda a nossa atenção e concentração devem estar apontados para dentro de nós mesmos. Nós devemos desenvolver sensações internas ao longo das quatro fases do desejo, junto com a mente que se desenvolve a seu lado.

Tudo o que O Zohar se refere, dirige-se ao desenvolvimento da nossa sensação interna. Todo o nosso trabalho reside em desenvolvermos a sensação da realidade espiritual desde o ponto no coração. Por enquanto, este ponto não sente qualquer espiritualidade, e é por isso que não compreendemos as palavras e noções que lemos neste livro. Nós só tentamos, com a ajuda do “Comentário do Sulam”, imaginar o que lemos na forma de três linhas: direita, esquerda e do meio, e discernir se algo é superior ou inferior nas dez principais Sefirot, seja externo ou interno, Galgalta ve Eynaim ou AHP, Tzimtzum Bet ou Parsa.

Se eu não compreendo o que estes nomes significam, então eu tenho de pelo menos tentar ver relações geométricas entre eles, para que surja algum tipo de imagem. Desta maneira, eu revelarei gradualmente a verdadeira percepção da realidade e compreenderei que esta existe apenas dentro de mim. Eu compreendo o significado da existência material em relação à espiritual, e descubro qual delas é a verdadeira realidade e qual é apenas um sonho.