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Vamos nos Inspirar com a Espiritualidade

Is There Anything Spiritual About Great Works of ArtUma pergunta que recebi: Em poucos dias nós estaremos juntos no Congresso Mundial de Cabalá, onde tentaremos sentir o desejo das milhares de pessoas que aspiram alcançar a espiritualidade. Mas como é possível sentir o sofrimento dos outros pela falta de espiritualidade, se nós somos incapazes de compartilhar o sofrimento material de outra pessoa?

Minha Resposta: Vamos tentar alcançar isso juntos. Cada um de nós sente um leve sofrimento causado pelo desejo de espiritualidade, mas este é constantemente subjugado pelo fato de que o nosso desejo de receber prazer cresce eternamente.

A solução é que precisamos aumentar o nosso desejo pela unidade, em vez do nosso desejo pela espiritualidade. Embora seja a mesma coisa, o nosso egoísmo apresenta a espiritualidade como uma aquisição pessoal, enquanto a unidade é apresentada como uma ação material.

Continuação da Pergunta: É assim que retornamos ao estado em que existíamos como uma única alma, o Mundo do Infinito?

Minha Resposta: Sim, nós só podemos alcançar esse estado através da união com os outros. No entanto, ela deve ser uma união de almas e não de órgãos ou metas corporais.

Continuação da Pergunta: Mas nós somos incapazes de alcançar este estado.

Minha Resposta: Nós só precisamos pedir por ele, elevar MAN, para que a Luz nos dê a força de união.

Por um lado, todos nós precisamos revelar o egoísmo em nós, a nossa aversão mútua e a indiferença para com os outros. Por outro lado, nós temos que compreender que somente a Luz pode corrigir tudo isso, e implorar que ela nos corrija.

Continuação da Pergunta: Mas eu nem tenho vontade de me corrigir.

Minha Resposta: É por isso que se chama “a oração que precede a oração”, ou um desejo que precede o desejo. Nós começamos com coisas simples: nós vamos dançar, cantar e fazer tudo juntos. Conseqüentemente, estas ações físicas, simples e primitivas do nosso mundo nos darão o gosto pela unidade. Elas despertarão o nosso coração material cada vez mais, até alcançarmos o nível mais alto da espiritualidade.

Existe uma história sobre um Cabalista que costumava pagar os músicos de rua (Klezmers) para tocarem para ele. Ele ouvia a música deles e era inspirado pela espiritualidade. A sua esposa o repreendeu: “Não há nada para comer em casa, e você está dando os nossos últimos centavos para esses bêbados! Eles só irão beber!”.

No entanto, ele respondeu: “Isso é irrelevante. Eu não posso viver sem a música deles. Eles podem ser bêbados que não entendem nada, mas eu preciso despertar agora, e eu não consigo sair deste estado sozinho”.

Esta é a história sobre um grande Cabalista que daria o seu último dinheiro aos músicos de rua só para ouví-los tocar um pouco. Caso contrário, ele seria incapaz de continuar suas correções.

E agora nós faremos a mesma coisa.

Desejos e Qualidades: Uma Definição

clip_image001Uma pergunta que recebi: Qual é a diferença entre desejos e qualidades? O que é um desejo, e o que é uma qualidade?

Minha Resposta: O desejo é a matéria da criação, que sempre recebe. Não há mais nada a dizer sobre isso. A qualidade é a forma que a matéria (o desejo) toma; ela determina como funciona o desejo, o que espera do seu trabalho (ou seja, a sua intenção), e o seu objetivo – seja para si ou para alguém fora dela (os outros e o Criador). Embora esta matéria seja o desejo de receber prazer, ela pode ter várias formas de funcionamento e estar em diferentes estados, dependendo das circunstâncias e do ambiente.

Apesar do fato de eu ser, por exemplo, a qualidade de “Abraão”, que é uma qualidade de doação total, eu não tenho oportunidade de doar, porque estou sob o controle de alguém. Talvez as minhas circunstâncias sejam tais que não tenho ninguém para doar, ou as pessoas que me rodeiam não querem que eu doe a elas.

Isto é chamado de qualidade. Uma qualidade significa que o desejo de receber prazer trabalha de alguma forma externa específica, sendo revestida por ela. Existem dez Sefirot principais, e todos os outros “objetos” espirituais são formas ou qualidades que são revestidos dentro delas.

Ao ler O Zohar, nós reconhecemos diferentes qualidades em nós, como Jó, Faraó, e o Criador. Todas elas são qualidades, revestidas no nosso desejo de receber. Qualquer coisa que nós possamos imaginar é simplesmente o desejo de receber prazer. Portanto, do nosso ponto de vista, o Criador é também uma forma particular do desejo de receber prazer – iluminado, elevado, superior, maravilhoso, e doando a todos. Nós somos incapazes de imaginá-Lo de forma diferente, porque não temos qualquer outra matéria, exceto o desejo de receber.

Aos poucos, na medida que tentamos distinguir todas estas qualidades dentro de nós, nós somos influenciados pela Luz Circundante. Como resultado, o sistema espiritual começa a ser esclarecido cada vez mais dentro de nós e começamos a perceber essas qualidades de maneira correta. Nós só precisamos de paciência.

A Parede é o Único Local Onde Podemos Encontrar a Porta

clip_image001O Zohar, Capitulo “Venha Ao Faraó”, Item 41: Este crocodilo monstruoso entra na fonte (Keter) do Rio Nilo e gradualmente fortalece-se nela. Ele nada e entra no mar, Malchut de Atzilut, onde engole várias espécies de peixe, que são os graus dentro do mar que lhe são inferiores. Ele governa sobre eles e engole-os. Eles são completados dentro dele, e ele volta ao Nilo imóvel.

É tão difícil para nós imaginarmos isto dentro de nós! Onde está o desejo chamado “Nilo”, e onde está o “crocodilo” dentro de mim – onde está tudo isto? Nós não sabemos o que pensar destas qualidades e que quadro imaginar quando lemos sobre as dez Sefirot, os dez rios (um dos quais é Keter, e os outros estão abaixo dele), e todos os tipos de monstros…

Todavia, não importa se não conseguimos tocá-los. É até melhor que não pintemos qualquer quadro do Zohar. É melhor do que se tentássemos imaginar algo que já conhecemos, coisas das quais já temos certa concepção. Quando lemos sobre Moisés, a Arca da Aliança, o Templo, Faraó, ovelhas, vacas, e tudo mais, nós não sabemos o que tudo isso é na verdade, e então só imaginamos qualidades.

Todos estes nomes não são importantes, dado que há qualidades espirituais das quais não temos qualquer entendimento. Estamos a tentar aprender alguma coisa que é impossível reconhecer!

Então, nós precisamos compreender que os nossos esforços nunca serão bem sucedidos. Nós não devemos ter quaisquer ilusões acerca disto. Em vez disso, o nosso sucesso virá quando nos depararmos com uma parede intransponível e compreendermos que não sabemos o que significam as qualidades espirituais, mesmo depois de todos os esforços que fizermos para revelá-las.

Quando nós completarmos a medida necessária de esforço (chamada “Se’a”), a nossa taça transbordará e o mundo espiritual será revelado a nós, de acordo com a regra “Eu trabalhei e encontrei” (Higati ve Matzati).

Trabalho Individual com o Livro do Zohar

egoDentro de mim eu desejo ver o Criador e todas as partes da minha alma: Keter, Hochma, Bina, Daat, Hesed, Gevurah, Tifferet, Netzah, Hod, Yesod, Malchut, e suas conexões com as demais. Estas qualidades também podem ser chamadas Abraão, Isaac, Esaú, Ismael, Jacó e os 12 irmãos (os filhos de Jacó), José, David, e Salomão. Por todos os lados, eles são revestidos de forças boas e más, tais como Jó, Faraó e etc.

 
small world

 

Nós precisamos imaginar este corpo espiritual não apenas como três linhas, mas como multidimensional. É como o corpo humano, que contém vários sistemas: o sistema linfático, o sistema nervoso, o sistema circulatório, e muitos outros, que nem sequer conhecemos. Além disso, existem energias, líquidos, e substâncias químicas fluindo através deles. O corpo espiritual contém ainda mais componentes e conexões, porque cada uma das suas partes tem qualidades diferentes, tipos diferentes de conexões, e formas diferentes em todos os níveis.

Nós somos incapazes de aprender isto até que o sintamos de verdade. Todo aquele que pensa que pode aprender isto é um tolo. Nós só precisamos desejar existir dentro deste sistema integral, que funciona em prol da doação. Nesse sistema, nós descobriremos o Criador e a criação; na verdade, tudo está dentro dele. Nós devemos olhar para ele de acordo com o princípio: “O ser humano é um pequeno mundo”.

Contudo, nós não estamos a falar sobre o nosso mundo e os corpos físicos. O “ser humano” sou eu, e “o pequeno mundo” é O Livro do Zohar e sua história.

O Trabalho Num Grupo Cabalístico

ego

Eu conecto os pontos no coração desejando criar um grupo Cabalistico com eles, ou unir as almas de Isra-el (“directo ao Criador”). Entretanto, apesar do ponto no coração, cada pessoa também tem uma parte do desejo egoísta. Nós estamos dispostos a anular este nosso ego de forma a nos unirmos. À extensão que nos unimos neste desejo comum, de acordo com a sua qualidade de união e garantia mútua, sentimos a Luz Superior, o Criador, a qualidade de doação, que governa dentro de nós.

Não Mostre a um Tolo um Trabalho pela Metade

chessEu recebo muitas respostas sobre como as pessoas se sentem ao ler O Livro do Zohar. Na ciência Cabalística, a pessoa ensina a si mesma; ela é a criança e o professor ao mesmo tempo.

Nós temos que descobrir um mundo totalmente novo, onde o nosso desenvolvimento começa do zero, a partir da ausência total de percepção. Nós conquistamos uma percepção cada vez maior deste mundo, até que o alcançamos plenamente, e no processo, atravessamos as mesmas fases de desenvolvimento que as crianças: experimentamos confusão, olhamos para o mundo de maneir infantil, e o percebemos de modo estranho ou incompleto, em comparação aos adultos. Nós realmente não entendemos o que fazemos, e de que nos serve tudo isso. Mas, nesse meio-tempo, nós nos desenvolvemos.

Nós precisamos atravessar as fases do desenvolvimento, designadas 0, 1, 2, 3, e 4; quando alcançamos o quarto nível (Behina Dalet), alcançamos a nossa raiz, a causa primordial. Então, nós compreendemos o “porquê e como”. Nós compreendemos o caminho que atravessamos e como temos de reagir a ele. Mas esta realização surge apenas no final.

É por isso que você não mostra a um tolo um trabalho pela metade, visto que na metade ele parece ainda pior que no principio. É semelhante a pedaços de tecido antes de serem juntados num traje, ou um carro que foi desmontado em partes, ou o corpo de um paciente no meio de uma operação. Nós somos incapazes de compreender o resultado final, visto que primeiro desenvolvemos os desejos e as qualidades necessários para perceber  isto. No Item 137 da “Introdução ao Talmud Eser Sefirot” é dito que heróis são aqueles que são pacientes, e eles são os únicos que alcançarão o castelo do Rei e entrarão através de seus portões.

Nós temos que aceitar todos os estágios deste caminho, em que começamos como pequenas crianças, sem qualquer entendimento do que fazemos e do que acontece conosco. Às vezes nós sentimos novas qualidades a surgir dentro de nós, e às vezes sentimo-nos completamente vazios. Através de tudo isso, devemos permanecer pacientes e aspirar o desenvolvimento interior.

A ciência Cabalística é chamada de parte interior da Torá porque fala apenas sobre a pessoa que desenvolve seus próprios desejos. Quando os desejos da pessoa atravessam os quatro níveis de desenvolvimento, no quarto nível ela revela o mundo espiritual. Desta forma, toda a nossa atenção e concentração devem estar apontados para dentro de nós mesmos. Nós devemos desenvolver sensações internas ao longo das quatro fases do desejo, junto com a mente que se desenvolve a seu lado.

Tudo o que O Zohar se refere, dirige-se ao desenvolvimento da nossa sensação interna. Todo o nosso trabalho reside em desenvolvermos a sensação da realidade espiritual desde o ponto no coração. Por enquanto, este ponto não sente qualquer espiritualidade, e é por isso que não compreendemos as palavras e noções que lemos neste livro. Nós só tentamos, com a ajuda do “Comentário do Sulam”, imaginar o que lemos na forma de três linhas: direita, esquerda e do meio, e discernir se algo é superior ou inferior nas dez principais Sefirot, seja externo ou interno, Galgalta ve Eynaim ou AHP, Tzimtzum Bet ou Parsa.

Se eu não compreendo o que estes nomes significam, então eu tenho de pelo menos tentar ver relações geométricas entre eles, para que surja algum tipo de imagem. Desta maneira, eu revelarei gradualmente a verdadeira percepção da realidade e compreenderei que esta existe apenas dentro de mim. Eu compreendo o significado da existência material em relação à espiritual, e descubro qual delas é a verdadeira realidade e qual é apenas um sonho.

Avance Para Um Novo Mundo

clip_image001Os quatro prefácios ao Livro do Zohar ajudam a nos sintonizarmos, para entendermos corretamente este livro. São eles: “Introdução ao Livro do Zohar”, “Prefácio ao Livro do Zohar”, “Prefácio ao Comentário do Sulam” e “Introdução ao Prefácio da Sabedoria da Cabalá”. Eles se destinam a nos ensinar a linguagem do Livro do Zohar, para que compreendamos e também esperemos mudanças dentro de nós, como resultado de sua influência.

É assim que começamos a compreender que tudo acontece dentro do nosso desejo, e que não há nada excepto o nosso desejo e a Luz. Tudo acontece dentro da nossa alma, à medida que começamos a nos desenvolver. Desta forma, os prefácios são mais importantes, pois nos dirigem à abordagem correcta. Inversamente, se abrirmos O Livro do Zohar sem estarmos preparados, não compreenderemos nada!

Nós devemos trabalhar em conjunto para compreendermos O Livro do Zohar. Se aprendermos a abordá-lo correctamente, se continuarmos a lê-lo, e nos aprofundarmos neste livro, então viajaremos através dele como no país das maravilhas; ele se tornará o nosso mundo, porque viveremos nele. À medida que lermos e sentirmos estas aventuras, cresceremos, conquistando conhecimento do mundo espiritual e a nossa alma que existe dentro dele.

Mas primeiro nós temos que entrar nesse mundo. A coisa mais importante é avançar e nascer dentro dele. Quando encontramos a nossa direção dentro do Livro do Zohar, começamos a reconhecer sua linguagem, tal como pai e mãe, parentes e estranhos, amigos, inimigos, e tudo mais. Nós começamos a compreender quem são eles pelas forças que representam. Não existem nada senão forças que aprendemos a visualizar correctamente ao descobrirmos a abordagem certa.