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Página Diária 21.12.09

Páginas Diárias é uma coleção de extratos das aulas diárias do Rav Michael Laitman e Bnei Baruch traduzidas para o Português.

RETORNANDO À CONSCIÊNCIA
Eu tenho um desejo, e além dele não existe mais nada. Dentro desse desejo existe algo chamado, digamos, “David”, “Abraão”, “Isaac”, “Moisés”, “José”, “direita”, “esquerda, “meio”, “inferno”, “Jardim do Éden”, etc, todo tipo de coisas, e tudo está dentro do desejo. É impossível para eu sentir, descrever ou pensar em algo que não seja o desejo. O Criador criou apenas o desejo. E agora eu preciso começar a conhecer o meu desejo. Eu vivo nele, mas eu não sei como eu vivo. Eu atuo sobre ele, ele age sobre mim. Isso se chama viver “inconscientemente”.

O Zohar começa a me trazer de volta à consciência. Ele começa a explicar de que consiste o meu desejo, como eu os influencio, organizo, corrijo, atualizo. Assim, por exemplo, eu não posso trabalhar com o meu desejo principal chamado “David”, “Malchut“. Neste desejo eu devo receber correções de “Abraão”, “Isaac”, etc Enquanto isso, eu só ouço isso, mas quero conhecê-lo. Tudo isso é meu desejo, e existe dentro de mim.

Se eu quero estar familiarizado com esse desejo, se eu anseio por ele como um bebê, então a Luz Circundante vem a mim desde um estado mais iluminado e brilha sobre mim, e eu começo a sentir um pouco desse estado. Eu começo a atribuir uma sensação para cada discernimento: este não é tão bom, aquele é um pouco melhor, este é ligeiramente inferior, aquele é um pouco superior; e assim eu avanço, porque nós não temos nada, exceto sensação.

SAINDO FORA DO FILME
A pessoa precisa pensar a respeito da percepção da realidade e se acostumar com todas as definições, como diz o Baal HaSulam, de modo que estas serão colocadas dentro dela como numa caixa. De agora em diante, esta será a forma com que eu olho para o mundo. Eu devo parar com o hábito de olhar o mundo como se ele existisse fora de mim, o qual foi inserido em mim no momento em que nasci até hoje. Chega, eu estou retornando para a verdade, eu não quero estar nesta foto imaginária.

A FORMA CORRETA DE OLHAR A REALIDADE
Quando nós lemos O Zohar, encontramos nomes como Jacó, Esaú, Abraão e Noé. Porém, se nós interpretarmos esses nomes através das nossas noções anteriores sobre a Torah, vendo-a como um conto histórico, então ficaremos completamente confusos e compreenderemos mal o que O Zohar nos conta. Nós devemos avançar em direção a um vácuo vazio no espaço sideral, onde não há terra e nada que tenha ocorrido alguma vez; tudo isto apenas pareceu-nos real. Tempo, movimento e espaço são uma ilusão que só existe na nossa imaginação. Nós pensamos que algo existiu há milhares de anos atrás, e que agora fazemos escavações arqueológicas sobre isso; nós encontramos ossos como prova da sua existência. Porém, tudo isto existe apenas nas nossas percepções, que chamamos realidade.

Porém, agora nós queremos nos elevar ao entendimento adequado – para ver o desejo que contém Reshimot (genes informativos). É isto que queremos investigar, em vez de escavações arqueológicas.

Eu quero ver este mundo inteiro dentro do meu desejo, dado que é o único lugar onde ele existe verdadeiramente. Eu tenho de mudar para perceber a verdadeira realidade, em vez de uma imaginária. Eu quero ver as pessoas à minha volta como várias formas ou imagens dentro do meu desejo, em vez dos corpos físicos que aparecem à minha frente. Eu quero ver como toda a realidade – até o Criador – está contida dentro do meu desejo. Então, a minha realidade será chamada Malchut do Mundo do Infinito.

Eu tenho que unir tudo em um, já que tudo está contido dentro de um desejo. A razão pela qual eu vejo imagens diferentes, ações, e movimento através do tempo e espaço (tanto no tempo e espaço material, quanto no espiritual) é porque a Luz, o Criador, age dentro do meu desejo. Desta maneira, gradualmente, passo a passo, isso me leva ao verdadeiro entendimento das Suas ações.

QUANDO ELES LIGAM A LUZ NO CINEMA…
Se eu quiser ver a verdadeira realidade, não posso imaginar outra coisa senão o meu próprio desejo. Esta é a forma como nascemos e como nós fomos condicionados a ver este filme, onde o mundo inteiro parece estar fora de nós. No entanto, tudo isso só existe dentro do nosso desejo. Temos de travar uma guerra interior com nós mesmos de forma a nos convencermos que tudo acontece dentro do desejo. Contudo, este fato não revoga a realidade, dado que o desejo é a realidade.

Nós pensamos que um desejo é simplesmente quando queremos algo. Porém, o desejo é tudo! Uma parede que bloqueia o meu caminho é um desejo também, eu estou indo contra o meu desejo. Tudo a minha volta são desejos ou forças retratados dessa maneira na minha tela. Quando você olha para uma fotografia numa tela de computador, você não acha que são objetos reais escondidos dentro do computador. Você sabe que a imagem é criada por forças elétricas. Todavia, quando você olha para o nosso mundo, você não percebe isso, porque não vê a tela na qual este mundo é projetado.

No entanto, na realidade, tudo ocorre de forma simples. O que você vê na tela do computador parece estar acontecendo fora de você, na tela, e de lá a imagem entra em seu olho, é processada, em comparação com o que está armazenado em sua memória, e então é reconhecida com a ajuda de processos eletro-químicos em seu cérebro. No entanto, quando você está vendo o mundo, você o vê dentro de si mesmo, em seu cérebro. É aí que vê uma projeção do mundo, como se ele estivesse fora de você! No entanto, isso também é uma tela onde forças elétricas estão retratando uma imagem sobre ele. Enquanto isso, no entanto, você acha que esse quadro se encontra em algum lugar do lado de fora.

Se abordarmos esta percepção verdadeira com a ajuda de O Zohar, então veremos um mundo de forças e qualidades diante de nós. Estas forças e qualidades são operadas por uma força geral, o Criador. Ao alcançarmos esta visão e compreensão, revelaremos o Criador, que desejamos tanto… Esta revelação ocorre dentro do nosso desejo, dependendo da sua equivalência de forma com o Criador. Todo O Zohar se destina apenas à revelação da percepção correta da realidade.

Página Diária 20.12.09

Páginas Diárias é uma coleção de extratos das aulas diárias do Rav Michael Laitman e Bnei Baruch traduzidas para o Português.

ANSEIO PELA SANTIDADE NA ESCURIDÃO

Quando eu leio O Livro do Zohar, eu preciso sentir que ele está falando sobre mim. Ele me fala de um jeito diferente e estranho sobre o que está ocorrendo dentro de mim, e somente dentro de mim. Eu tenho figado, pulmões, rins, baço, sistema digestivo, etc., e além desse sistema, dentro de mim, existe também o sentimento, e esse livro está falando somente sobre esse sentimento. Dentro desse sentimento existe desejos diferentes, qualidades, pensamentos, todos os tipos de impulsos. Eu devo me perguntar: Com exceção da carne que está dentro de mim, quem é a pessoa dentro de mim? E eu pego essa especie de faca, abro-me totalmente, e olho dentro.

E o que eu vejo? O que exatamente os autores do Zohar descrevem para nós. Vocês devem se esforçar para ver e identificar isso. Dentro dessa “pessoa” dentro de mim existem qualidades chamadas Esaú e Jacó, boi e asno, pássaros e árvores, Adam Ha Rishon, e a Arca de Noé. “Árvore”, significa um desejo único em mim, uma qualidade especial. A Arca é uma qualidade única na qual eu posso me ocultar, que pode me proteger.

Eu devo começar a trabalhar com nisso. O que eu ganho com isto? A verdade é que isto não vai lhes trazer nada. Ao se esforçar em identificar essas coisas, uma força chamada “A Luz que Reforma” vem até você, e é por ela que devemos ansiar. Digamos que você deixa a aula e diz a si mesmo: ‘Eu consegui! Eu senti que hoje eu entendi quem é Jacó, quem é Esaú, quem é Israel, etc”. E daí? Isso não significa nada. Na próxima vez você vai embora e dirá a si mesmo: “Eu não entendi nada, eu não consegui me concentrar, tudo está árido. Eu consegui me esforçar por alguns minutos durante toda a lição”. Precisamente esses poucos minutos é que serão o seu ganho.

Isto é o “ocultamento”. Somente aquele que investe, e respeita esses momentos, a sensação de dissabor, a falta de clareza, e deseja avançar sobre isso em direção à “doação” somente através desses ganhos.

Eu estou dizendo a vocês por experiencia própria ─ às vezes é necessário estudar o Zohar por duas ou três horas, sem se levantar, até quebrar essa não falta de receptividade, e entrar num estado em que você começa a trabalhar com essas forças.

Mas as correções que vocês fazem durante essas duas ou três horas, é a coisa mais importante. Não foi em vão que o Baal HaSulam escreve na “Introdução ao Talmud Eser Sefirot” (Introdução aos Estudo das Dez Sefirot), que exatamente nesses estados de ocultamento, estão os estados em que você pode trabalhar duro, e demonstrar que realmente deseja se aproximar da Divindade. Não há duvida que isso é completamente oposto a tudo que estamos acostumados neste mundo, onde julgamos tudo de acordo com nossos sentimentos egoístas.

Portanto, aquele que trabalha na escuridão, e sente que isso não faz sentido, precisa perceber que esses estados são muito benéficos para o avanço em direção à doação, de tal modo que com o tempo ele não desejará outro estado, mas sim entenderá que esse esforço grandioso é a recompensa. Estes momentos são dados para que você trabalhe arduamente sem receber nada que desperte o ego, suas tendências maldosas, o orgulho, o entendimento, a mente, e o sentimento ─ entretanto, você tem a opção de insistir um pouco e fazer grandes esforços ─ esses são os melhores estados. A capacidade de alcançar esse ponto de contato com a santidade na escuridão é uma recompensa. Em tais estados fica claro que você não será prejudicado pelo seu desejo de receber.

Portanto, nós devemos estar felizes nos estados que não têm sentido. Através deles a pessoa cresce. É óbvio que aqui o apoio do grupo é muito importante, a impressão e todo o entusiasmo, que inclui todos os nossos amigos ao redor do mundo. Quando você não recebe o apoio do Criador (mesmo que isso venha Dele), você pode ansiar pelo apoio do grupo ─ e essa é a melhor coisa. Aqui há espaço para a prece de muitos, para o esforço verdadeiro e correto.

COMO COMPREENDER O LIVRO DO ZOHAR

O sucesso no estudo do Livro do Zohar não depende da capacidade mental da pessoa em organizar tudo que ele descreve. Por exemplo, um dia você pode sair da lição muito contente em relação a tudo que sentiu e entendeu, e feliz por ter entendido o que está por trás dos nomes e palavras nesse livro. Mas, no dia seguinte, você sai da aula desapontado, pensando, “Eu não entendi nada! O material estava tão tedioso que eu nem consegui me concentrar. Eu me concentrei apenas por alguns minutos, dentro de uma hora e meia de aula.”

A verdade é que você não é capaz de avaliar a situação corretamente; o seu maior ganho veio exatamente daqueles poucos minutos que você foi capaz de se esforçar. Nós não sabemos nada sobre o Mundo Superior ou sobre nós mesmos, ou as condições para revelar isso. Tudo isso está oculto. Mesmo assim, se a pessoa dá tudo de si e se esforça, então, precisamente quando ela está nesse estado de não se sentir satisfeita ou interessada no estudo, quando nada “brilha” para ela, ainda sim ela deseja provar que quer alcançar o desejo de doar – esse é o melhor momento e o melhor estado.

Eu posso lhe dizer por experiencia própria que isso geralmente me consome muitas horas de trabalho nos textos do Zohar, até que eu começo a atravessar a barreira que me separa dele. Porém, sentir que aquela parede impenetrável entre nós começa a se dissolver é a maior alegria do mundo….

As correções feitas durante aquelas horas de “entorpecimento” são os esforços mais importantes que você pode fazer em seu caminho ao Criador! É precisamente em resposta a esses esforços que a Luz Superior vem até você, em vez de todas as outras coisas que vêm facilmente. Assim, esse trabalho duro, é o melhor estado possível.

Grandeza Começa Com Pequenas Coisas

Na espiritualidade, uma ação é valorizada por sua força e com a ajuda prestada. Por exemplo, uma mãe cuida de seu filho, tentando com todas as suas forças satisfazer os desejos da criança. O mesmo acontece em um grupo: eu estou tentando muito para unir-me com os meus amigos, a fim de cumprir o seu desejo.

Ao fazer isso, vou sentir que os amigos também diminuiram-se diante de mim. Eles têm uma meta espiritual grande, e eles estão dispostos a pisar sobre si mesmos pela meta e me ajudarem o quanto eles puderem. O objetivo os convence a continuarem,  da mesma forma que o amor obriga os pais.

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O Que é o Inferno?

O Zohar, capítulo Vaishlach, item 16: “Aquele que se considera um escravo inútil é melhor do que os que são em vão, o qual, priva-se de pão.” Isso fala da má inclinação, para que constantemente acuse o povo, enchendo de orgulho e desejo o coração do homem.  E o homem segue com a cabeça erguida, até que a inclinação do mal paire sobre ele, levando-o para o inferno.

Isso descreve um estado que temos que experimentar. Os cabalistas sabem porque eles já passaram por isso.

É impossível para uma pessoa revelar algo que não seja através de sua própria experiência. Isso significa que cada pessoa deve experimentar o inferno? Sim, deve! Mas o que é o inferno? [Leia mais →]

Temos o Direito de Revelar o Mundo Superior

Apesar do nosso egoísmo, os estados desagradáveis que passamos, e as qualidades pobres que temos, somos capazes, e prontos para justificar e receber a força do Alto que nos permitirá revelar o Mundo Superior.

Se aspiramos à meta da melhor forma possível , então mesmo se tivermos longe de ter intenções puras e mesmo se a nossa “proficiência” espiritual  é duvidosa, tudo isso é irrelevante. Isto é como estamos agora, existem as nossas qualidades atuais e a do nosso estado presente.

Se uma pessoa em qualquer situação deseja receber as forças necessárias para a correção e para o avanço espiritual, então ela os merece. O Criador diz: “Olhai para mim, e eu pagarei o seu esforço.”

A Luz Faz Todo o Trabalho Se Nós Permítirmos

A ciência da Cabala é o método de desenvolvimento da alma. No entanto, durante o desenvolvimento da minha alma, eu realmente não entendo o processo. Eu não sei o que é bom ou ruim para o seu desenvolvimento, que tipo de desejos devem aumentar em mim e em que medida. É como se eu vagasse sem rumo entre o egoísmo, o desprezo e o auto-sacrifício.

Aqui temos que obedecer a uma regra simples: o amor do Criador virá depois do amor pelos outros. Vou atingi-lo exatamente dentro dessa ligação entre eu e os outros. Nosso trabalho é todo dedicado a isto.

Primeiro o pensar nos outros parece ser a coisa mais repugnante para mim. Estou farto disto, e eu preferiria apenas estudar e trabalhar dentro de mim mesmo, e não depender dos outros. No entanto, logo descubro que não há outro caminho a percorrer.

Embora não estejamos familiarizados com o programa do nosso desenvolvimento, ainda podemos tentar estabelecer uma interligação entre nós. Mas o fato é que a Luz faz todo o trabalho. Ela revela várias propriedades dentro de nós, nos revelando individualmente em cada pessoa, dependendo da raiz da sua alma. Portanto, uma pessoa avança em passos enormes quando alguém avança por pequenos passos. Alguém revela raiva em si mesmo e alguém – apatia. Não há exatos moldes e regras padrão.

Os cabalistas explicam coisas para nós que pertencem a todos sem exceção – o que é a meta que todos nós temos que chegar e como executar esforços no caminho para a meta. Os cabalistas nos lembram várias vezes que não importa o que está acontecendo, não podemos esquecer da gasolina, e sempre se esforçar para acelerar e mover para a frente.

Quando O Egoísmo É Inútil

Começamos a avançar para a meta egoísticamente. Porque não vemos nenhuma outra maneira para continuar, nós nos unimos como soldados no exército para atacar novas fronteiras. Mas então, quando trabalhamos internamente e nos rendemos um para o outro, nos tornamos mais sensíveis e achamos que não temos a propriedade de doação. Estamos conscientes de que ficaríamos felizes se nos uníssemos com os nossos amigos, mas não conseguimos

Na vida normal, encontramos força para unir e alcançar o objetivo desejado juntos porque o objetivo é egoísta e não vemos benefício mútuo. Mas a meta espiritual é oposta à unidade familiar egoísta. Há uma contradição entre o objetivo definido e as regras de separação entre nós. Nós gradualmente revelamos que não estamos nos unindo, mas, pelo contrário, nos odiamos. Isso é como nós revelamos o mal dentro de nós, que não percebemos antes.

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Podemos Superar a Percepção do Coração de Pedra

No Zohar: É sabido que há Mundo, Ano, e a Alma em tudo. No coração de pedra (Lev Haeven), também há Mundo, Ano e Alma. Mundo é a serpente primordial (Nahash Kadmoni), que montou Samuel; Ano – dos nove de Av e Alma-coxa-tendão da veia (GID HaNasheh).

O Zohar nos diz que existem duas maneiras de perceber a realidade que nós sentimos. Existe a percepção “para seu próprio benefício”, onde se sente um ano um mundo e alma “egoísta”, que pertence ao coração de pedra (Lev ha-Even). Há também o mundo, ano e alma “altruístas”, onde a percepção da realidade é dirigida no sentido oposto, afastando-se. Percebe-se através da doação ao invés da recepção e, portanto, percebe-se o “Mundo, Ano e Alma Superior”, porque é percebida por meio da doação (santidade).

Qual é a diferença entre a percepção da realidade por meio da absorção e recepção, quando se separa da percepção dentro do mundo, ano, e a alma, e da percepção da realidade por meio da doação quando ela se separa também da percepção para o mundo, ano e alma? [Leia mais →]

Lembrando o Que Tem Sido Esquecido

A percepção da realidade que a Cabalá explica nos parece muito estranha e extraordinária .  No entanto, um bebê recém-nascido também encontra o mundo que ele vê ao seu redor muito extraordinário. Ele não está acostumado com o lugar  e começa a estudar este mundo desde o início. Estamos exatamente na mesma em relação ao mundo espiritual. [Leia mais →]

O Zohar Explora O Nosso Mundo Interno dos Desejos

greatestOs Cabalistas explicam que o desejo é a única criatura que o Criador criou. Ela é constituída por 613 desejos (Taryag) diferentes, com todas as suas diferentes manifestações. Nós vivemos no interior destes desejos. Eles são todos nós.

A Luz do Criador brilha sobre esses desejos. Na realidade, é Ela quem separa um desejo comum dentro de uma multidão de desejos particulares, porque o desejo torna-se dividido e mais complexo sob influência da Luz. É por isso que ele se divide em partes diferentes, até mesmo partes que são opostas umas das outras.

Entre esses desejos, alguns são contrários e opostos à  Luz, e outros apoiam e são semelhantes à Ela. Os nossos desejos maléficos nos afastam da Luz e são chamados de “inclinação ao mal” (Yetzer Ra), “forças do mal” (Kohot HaTumaa), ou o lado oposto (Sitra Achra). Os nossos desejos benéficos, chamados Yetzer Tov, nos empurram mais em direção ao objetivo e nos ajudam a alcançá-lo. Eles são chamados de “forças da santidade” (Kohot HaKedusha).

Também existem em nós desejos em diferentes níveis de desenvolvimento: inanimado, vegetativo, animado e humano. Além disso, existem desejos chamados “anjos”, “demônios”, “espíritos”, e assim por diante. Há uma enorme variedade de diferentes tipos de desejos, mas eles estão todos dentro de nós; nós somos constituídos por eles.

No entanto, nós nos relacionamos com os nossos desejos e qualidades de diferentes maneiras. Nós tratamos alguns deles como se estivessem perto de nós e fossem úteis, enquanto outros parecem longe de nós, opostos a nós e prejudiciais. Nós os tratamos de um modo ou de outro dependendo da nossa meta, da nossa forma de trabalhar com eles, e outras considerações.

No entanto, independentemente do que dizemos, pensamos, ou mencionamos, nós estamos sempre nos referindo aos nossos desejos. As pessoas que vemos ao nosso redor também são expressões do nosso desejo, um desejo que tomou “nossa” forma sob a influência da Luz.

Alguns desejos são grandes e relativamente constantes; se eles mudam, eles o fazem lentamente. Estes desejos estão no nível inanimado de desenvolvimento. Outros desejos são mais flexíveis e estão nos níveis  vegetativo e animado. Eles mudam mais rápida ou lentamente de acordo com seu tipo e força. Todos esses desejos dependem de um maior nível de desejos – o nível humano, também  chamado de “alma”. Os desejos “animados” que são menores do que este nível são chamados de “espíritos” e “anjos”.

Além disso, as “câmaras” são diferentes tipos de espaços ou cavidades; esses são desejos do nível animado que têm suas próprias características. Alguns desejos que operam dentro destas câmaras são mais ativos e flexíveis, e são chamados de “espíritos”, os quais estão no mesmo nível vegetativo. Os desejos que são ainda mais ativos operam dentro dos espíritos; estes são “anjos”, o nível animado. Finalmente, num nível ainda mais profundo existem as almas que se ajudam mutuamente.

Desta forma, O Zohar revela o mundo inteiro para nós. Mas todo este mundo está dentro de mim e dos meus desejos. É como se eu estivesse viajando dentro deles, como uma pessoa minúscula num desenho animado vagando dentro do seu próprio corpo, penetrando diferentes órgãos e espaços entre eles e vendo como seu o organismo funciona.

O Zohar descreve algo muito semelhante. Ele nos diz como existimos no mundo espiritual e que todo o mundo espiritual é o nosso desejo, que nos parece como se estivesse dentro ou fora, em todos os tipos de estados diferentes. E tudo isso com a intenção de trabalharmos com ele.