A Quebra Como Um Meio Para Alcançar o Criador

feedUma pergunta que recebi: Por que a pessoa tem de atravessar tantas quebras? Existe o pecado de Adam HaRishon, a intoxicação de Noé, a animosidade entre Caim e Abel, a destruição do Templo, e outras. Porque nós não podemos simplesmente atravessar a quebra uma vez, e então avançarmos para corrigir tudo?

A Minha Resposta: A quebra é necessária para que o nosso desejo de receber se torne mais consciente de si mesmo, para ele sentir que está no extremo da recepção, e que alguém lhe dá, que alguém quer lhe dar, e espera uma reacção especial de volta. Tudo isto é feito de forma a que a criação aprenda não apenas a receber, mas também a se tornar similar ao Doador. A criação tem de compreender que a recepção e a doação são apenas os meios para se conectar o Criador à criação. É um meio de trazer a criação à doação, à similaridade com o Criador, e ajudá-la a ascender ao Seu nível.

Quando o desejo egoísta começa a compreender e a sentir tudo isto, ele se torna “humano”. A recepção e a doação são apenas acções auxiliares que ajudam a elevar a pessoa ao nível do Criador. Todas as quebras são feitas de forma a nos desenvolver e a nos trazer a este nível. Todos os estados, sentimentos e realizações que atravessamos são necessários; sem eles seriamos incapazes de alcançar a Correcção Final.

Não podemos chegar lá num salto, porque a sabedoria vem com a experiência. Temos de atravessar muitos estados e compará-los; temos de experimentar muitos conflitos internos e lutas de forma a os compreender. A nossa tarefa não é de investigar o desejo de desfrutar que está em nós, mas através das suas reacções nós estudamos a Luz, o Criador. Nós não sentimos a Luz em si; somos incapazes de perceber ou compreendê-la. Porém, ao atravessarmos diferentes camadas do desejo de desfrutar, os estados quebrados e por corrigir, ao serem esvaziados de Luz e preenchidos por ela, estudamos o que acontece fora do nosso desejo egoísta.

Não sabemos que ocorre realmente no “exterior.” Sentimos apenas as mudanças que acontecem dentro de nós e as comparamos. É assim que estudamos o terceiro componente – a Luz. Embora não saibamos nada sobre a Luz, e não consigamos senti-la, somos capazes de alcançá-la através das suas acções. Mas isto não pode ser feito de uma só vez.

Quanto mais complexo o desejo se torna, mais contradições e “sombras” ele contém, e maior é a sua habilidade de reconhecer a Luz e o Criador. Desta forma, não devemos pensar que alguém está deliberadamente a colocar obstáculos no nosso caminho. A natureza do nosso desejo egoísta, que é oposta à Luz, o requer de forma a levar a cabo estas várias acções, de forma a compreender o que é a Luz, que está tão afastada dele.