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A Espiritualidade é Descoberta Como Um Achado Surpreendente

escalator.jpgUma pergunta que recebi: A Cabalá diz que as pessoas não devem praticar misticismo, mas devem tratar tudo como se ocorresse de um ponto de vista realista. Por outro lado, o método da Cabalá é baseado em “milagres” do Alto – coisas que são incompreensíveis e irracionais, como você explicou. Como é que estas duas coisas se misturam uma com a outra?

A Minha Resposta: Nós estamos situados numa parte da natureza, a parte material, que está separada da outra parte, a espiritual. São necessários esforços para nos unirmos com a parte espiritual, mas se os fizermos, iremos fazer uma “descoberta” da união que existe lá.

Isto se assemelha a um milagre, porque nós não vemos a ligação entre os nossos esforços e a revelação espiritual. Se soubéssemos o que é esta ligação, iríamos claramente compreender quantos esforços a mais temos de fazer de forma a adquirir o que queremos.

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Porém, esta ligação parece não existir, pois nós existimos dentro da qualidade de recepção, o egoísmo, e nós não sentimos a qualidade de doação nesse estado.

Nós não levamos a cabo acções de doar e não temos contacto evidente com o mundo espiritual. Porém, há um sistema que activamos com as acções egoístas que fazemos de forma a alcançar o mundo espiritual; este sistema atrai a Luz que Corrige (Ohr Makif) sobre nós. Este é um sistema de conexão entre nós mesmos (o egoísmo) e o mundo espiritual (doação), descrito pelo verso: “Eu trabalhei e encontrei”.

Nós estamos separados da espiritualidade e não aspiramos a ela de todo. Imaginamos a espiritualidade na forma de lucro ou achado, em vez da qualidade de doação. Porém, até mesmo este tipo de incentivo é capaz de atrair gradualmente a Luz que Corrige sobre nós. Como resultado, começamos a ter um maior desejo pela qualidade espiritual de doação.

O Zohar Fala Aos Nossos Sentimentos

Uma pergunta que recebi: Acho difícil concentrar-me nas lições de O Zohar que é o motivo pelo qual tento pensar na conexão entre todos os que estudam. É esta a coisa certa a fazer, e devo eu fazer mais esforços mentais para compreender o que está a ser dito?

A Minha Resposta: Os esforços têm de ser feitos nos seus sentimentos, não na mente. Você tem de sentir tudo o que O Zohar descreve, em vez de compreendê-lo. O Livro do Zohar fala sobre os nossos sentimentos, não a nossa mente. Quando eu leio certa palavra, tal como “uvas, árvore, céu, inferno”, eu devo tentar encontrá-la dentro de mim. Afinal, eu sou inteiramente feito de desejo, e desejo é sensação, não razão.

Se eu usar a minha mente para transpor tudo isto em conceitos, tais como noções de Luz, recipiente (Kli, ou vaso) e as combinações entre eles, então eu nunca irei além da imagem mecânica, como um gráfico, e não serei capaz de estar prestes a senti-lo. A imagem deve ser gradualmente remendada dentro de mim na forma de sentimentos. Ela é compreendida de sensações. Eu tenho de acumular sensações internas e impressões que irão gradualmente aproximar-se de sua própria vontade, formando a sensação do Mundo Superior.

É o mesmo como nos desenvolvemos no nosso mundo: a mente vem depois da sensação. Primeiro uma criança sente se algo é bom ou mau, e mais tarde ela ganha o entendimento do que deve se aproximar ou se afastar. Mais tarde ela adquire uma mente mais ampla.

Desta forma, quando lemos O Livro do Zohar, devemos sempre tentar identificar as nossas sensações e discernir o que a nossa vontade de desfrutar sente. Mais tarde uma mente irá surgir dentro de nós e irá começar a ligá-las numa imagem unificada.

É fácil para os principiantes perceberem estes processos esquematicamente, com isso, nós devemos tentar transferir o texto de O Zohar em sensações de doação e recepção.

Um Microscópio Espiritual

wisdomneedsO mundo espiritual é um mundo de forças que agem de acordo com leis que compreendemos parcialmente, enquanto alguns aspectos permanecem desconhecidos – tal como as principais ciências que exploram a natureza deste mundo. Nós compreendemos algumas partes do mundo espiritual, enquanto outras permanecem ocultas.

Nós devemos exercer uma abordagem estritamente científica e sóbria à investigação espiritual, tal como fazemos ao estudar a natureza física. O que está ocultado hoje será revelado amanhã. A ciência Cabalística nos dá as ferramentas para a investigação (Kelim), que se assemelham a um microscópio dentro de nós, usado para ver as forças espirituais, as forças de doação.

Porém, nós devemos ter o poder de doação, de forma a medir estas forças, percebê-las e discerní-las. Um ser humano interpreta todo o conhecimento e experiências que recebe através de si mesmo.

Depois de eu desenvolver os meus poderes de doação, eu os sintonizo tal como eu sintonizaria um microscópio sensível, e utilizo-os para penetrar as profundezas da matéria (desejo), onde observo vários fenómenos (doação e recepção) de acordo com a sensibilidade do meu recipiente de percepção (Kli ou vaso).

Em qualquer ciência nós sempre servimos de instrumento, visto que somos os que recebem por fim o conhecimento, e até certo ponto fazemos isso subjectivamente. Quando nós estudamos a ciência Cabalística, nos fazemos isso tão conscientemente, e nós mesmos nos tornamos um instrumento de investigação.

Porém, a investigação em si deve ser puramente científica. A nossa investigação torna-se objectiva, pois é da nossa natureza avançarmos para a objectividade.
Em muitas ocasiões, os Cabalistas disseram: “Eu O conhecerei por Suas acções”, “Conheça teu Criador e sirva-o”, “Pois todos, do menor ao maior, conhecer-me-ão”.

Existem apenas duas forças (propriedades) em todo o universo: a Luz (propriedade de doação) e o desejo de ser agradado (propriedade de recepção) que ela criou. O restante se origina destas propriedades.

O mesmo se aplica na matemática: nós temos o zero, e outro valor diferente do zero. O restante se origina destes valores e é simplesmente uma questão de cálculo. Na física é a mesma coisa: existem duas forças que são diferentes uma da outra.

Isto também se aplica à Luz Superior. O momento em que um ponto que é um pouco mais escuro que a Luz que surge, nós temos duas propriedades diferentes. É quando começa o progresso e surge a ciência Cabalística.

Tal como qualquer outra ciência, a Cabalá estuda as discrepâncias entre duas forças (fenômenos). Isto se torna possível ao aumentar as diferenças entre elas com a ajuda de um microscópio (análise), ou ao encontrar pontos de conexão (síntese).

A ciência é baseada em encontrar as interacções entre duas forças – o Criador (doação) e a criação (recepção) em todos os níveis da sua manifestação dentro do desejo (matéria). É impossível identificar e estudar uma força sem a outra. Com a ajuda da análise e da síntese, nós estudamos a sua interacção, e então chegamos a certas conclusões. “Não há Criador sem a criação e não há criação sem o Criador”.

Contemplar apenas uma força é errado e não levará à conclusões científicas, mas sim trará deliberações sobre uma forma abstracta. Quando eu digo, “a propriedade de doação”, o que eu quero dizer? O que é ela? A quem ela dá? Quem influencia ela? Onde aparecem sinais dela? Como eu sei que é doação? A resposta é: ao compreender o oposto.

Você pode falar da diferença apenas ao comparar opostos – ao estudar alguém que está a receber. Não podemos simplesmente dizer que algo é positivo, pois em relação a que ele é positivo? Onde está o negativo?

Em outras palavras, você não pode discernir algo por si só – você pode apenas fazê-lo em relação a outra coisa. A base de qualquer ciência reside nas comparações. Não há nada no universo excepto duas forças.

Esta abordagem é estritamente observada na ciência Cabalísitca. Se você se distancia da matéria e da forma que define a matéria, isso se torna um misticismo.

A Guerra dos Macabeus Dentro de Nós

feelyoursoulA guerra Macabeia e o feriado de Chanukah não foram acontecimentos acidentais na história. Esta é uma história sobre como a pessoa constrói sua alma e acende a Luz dentro dela, simbolizada pela ânfora sagrada de óleo que encontramos dentro de nós, no meio de toda a quebra. Há uma parte dentro de nós que podemos acender se ao menos a encontrarmos!

Quando esta for acesa, nós iremos corrigir nosso egoísmo numa medida específica. Iremos desta forma receber a oportunidade de preparar o óleo sagrado, ou seja, seremos capazes de corrigir Malchut por conta própria.

O óleo sagrado é o desejo de doar e de amar sem qualquer recompensa para si mesmo. O óleo é o desejo. O óleo normal são os desejos egoistas, ao passo que óleo sagrado são os desejos com a intenção de doar. A centelha que recebemos, de forma a começarmos nosso trabalho interno, é como uma pequena vela, que toda pessoa precisa procurar em si. Quando formos capazes de acender esta centelha, começaremos a corrigir o nosso principal desejo egoísta, ou preparar o óleo para a lanterna.

“Chanukah” vem das palavras “Chanu Ko”, que significam “eles pararam aqui”. Esta é apenas uma breve parada no meio do caminho, entre os estados internos chamados Yom Kippur e Rosh HaShaná (no inicio do caminho) e Purim (a Correcção Final).

Durante Chanuhah nós corrigimos apenas os Kelim de doação, à medida que acendemos uma vela acima do nosso desejo de desfrutar. Porém, quando alcançamos o feriado de Purim, usamos o desejo em si mesmo. Desta forma, o símbolo do feriado de Purim não é uma vela que arde acima do óleo (desejo), mas vinho, a Luz que preenche o desejo.

Para acendermos a vela, nós temos de unir Malchut e Bina, os desejos da recepção e os desejos de doação, de forma a acendê-la em Bina. Este é o significado do feriado de Chanukah, quando elevamos Malchut a Bina; assim, Malchut torna-se parte de Bina, acrescentando a força do seu desejo nela.

Então, a Luz acende em Bina, no pavio, que sobe do óleo. O pavio é Zeir Anpin, que é chamado de linha do meio. Ele conecta o óleo (Malchut) à Luz (Bina).

Tudo isto ocorre acima do nosso desejo. Isto é uma correcção, em que alcançamos a qualidade de doação, recebendo-a acima das nossas qualidades egoístas. Nós alcançamos o estado chamado Tshuva mi Ira – doar em prol de doar.

Um Intermediário entre O Criador e a Criatura

chargesSe o inferior não pode receber nada, o Superior se restringe. O Parsa é um local muito especial, onde ocorre a restrição do Superior. Há uma grande diferença entre o que está acima do Parsa – o Mundo de Atzilut, onde a Luz pode ser disseminada, onde Bina – a doação domina; e o que está abaixo do Parsa – os Mundos de Beria, Yetzira, e Assiah, onde Malchut, o desejo de receber, domina.

Com isso, uma estrutura unificada é separada em duas partes, opostas uma à outra. A parte superior é governada pelo Criador, e a inferior é governada pela criatura. Este é o primeiro passo para se criar uma conexão entre a criatura e o Criador.

Antes disso, a criatura fazia apenas o que a Luz lhe ordenava. A Luz me anulava, e eu só era capaz de doar porque ela agia sobre mim. Porém, agora existem dois reinos em mim e eles são totalmente opostos. Eles são o reino da Luz e o meu reino, onde eu sou o governante.

A Luz me abandonou e eu fiz uma restrição sobre o meu desejo. Porém, neste lugar vazio da restrição surgem novos desejos: os desejos egoístas, a Klipa. Então, nós estamos separados como dois mundos opostos! Acima do Parsa, no Mundo de Atzilut (onde “Etzlo” significa “Ele tem”) existe a correcção completa, a Luz Infinita. Abaixo do Parsa, tudo é o oposto: a quebra, o mal, e toda a ofensa imaginável.

Então, Ele e eu nos tornamos claramente opostos um ao outro ,e começamos a nos odiar. Nós ficamos distantes, embora estejamos separados apenas por uma divisão muito estreita, o terço médio de Tifferet, a Klipat Noga, onde está concentrada toda a minha liberdade de escolha.

Por um lado existe o Criador, a Santidade Superior, e por outro, abaixo, debaixo do Parsa, existe a criatura corrupta, o ego, e a imundice – e eu sou um intermediário entre eles, no meio. Toda a minha existência, o meu “Eu”, reside nesta faixa estreita.

Foi-me dada a oportunidade de me esgueirar num corredor estreito entre estes dois grandes exércitos: a força da recepção e a força da doação, de forma a me tornar um intermediário entre ambos, levá-los a um acordo, e depois à conexão e ao amor. Ao uní-los, eu construo a mim mesmo sendo composto pelos dois.

Os Pensamentos são o Meio para Satisfazer os Nossos Desejos

Can We Control Our ThoughtsO Criador criou o desejo de desfrutar, e nada mais foi criado além deste desejo. Um desejo maior pelo prazer domina um desejo menor. O pensamento ou a mente nos ajudam a ir de um desejo para outro, de um estado para outro, de um determinado tipo de desejo para outro tipo.

Os desejos são a matéria da natureza. Entretanto, o pensamento é o meio, o instrumento que nos ajuda a utilizar os desejos, a nos deslocar dentro do campo de forças desses desejos – de uma força maior de desejo para uma menor, ou vice-versa, como se aproximar cada vez mais de um ímã ou se afastar cada vez mais dele. O pensamento é a força do movimento entre os desejos. Ele permite com que eu mude a minha posição entre os diferentes desejos, deslocando-me entre eles. No entanto, não importa em que desejo eu esteja, ele ainda me domina.

Portanto, eu preciso usar o poder do pensamento para me ajudar a entender e me a convencer de que o meu desejo, o meu estado, e as circunstâncias em que eu estou, são ruins. Há circunstâncias melhores, mas para chegar lá eu tenho que mudar o meu desejo com a ajuda dos pensamentos. Eu tenho que me transferir de uma onda do campo de força desses desejos (a intensidade do campo) para outra onda (intensidade), como a carga num campo magnético.

Na ciência Cabalística, a análise do pensamento do desejo, dentro do qual eu estou, é chamada de realização do mal. O desenvolvimento do pensamento em mim ocorre sob a influência do ambiente ou sob a influência da Luz Superior. Desta maneira, nós podemos “fluir” através do campo dos desejos, alternando entre eles, de um desejo menor para um desejo maior. O pensamento (a realização do mal) nos ajuda a ir de um estado ou de um desejo para outro.

Assim, a mente e os sentimentos trabalham em nós indistintamente. No entanto, nós sempre nos movemos de acordo com um esquema: o desejo – o pensamento – o desejo.

A Quebra Como Um Meio Para Alcançar o Criador

feedUma pergunta que recebi: Por que a pessoa tem de atravessar tantas quebras? Existe o pecado de Adam HaRishon, a intoxicação de Noé, a animosidade entre Caim e Abel, a destruição do Templo, e outras. Porque nós não podemos simplesmente atravessar a quebra uma vez, e então avançarmos para corrigir tudo?

A Minha Resposta: A quebra é necessária para que o nosso desejo de receber se torne mais consciente de si mesmo, para ele sentir que está no extremo da recepção, e que alguém lhe dá, que alguém quer lhe dar, e espera uma reacção especial de volta. Tudo isto é feito de forma a que a criação aprenda não apenas a receber, mas também a se tornar similar ao Doador. A criação tem de compreender que a recepção e a doação são apenas os meios para se conectar o Criador à criação. É um meio de trazer a criação à doação, à similaridade com o Criador, e ajudá-la a ascender ao Seu nível.

Quando o desejo egoísta começa a compreender e a sentir tudo isto, ele se torna “humano”. A recepção e a doação são apenas acções auxiliares que ajudam a elevar a pessoa ao nível do Criador. Todas as quebras são feitas de forma a nos desenvolver e a nos trazer a este nível. Todos os estados, sentimentos e realizações que atravessamos são necessários; sem eles seriamos incapazes de alcançar a Correcção Final.

Não podemos chegar lá num salto, porque a sabedoria vem com a experiência. Temos de atravessar muitos estados e compará-los; temos de experimentar muitos conflitos internos e lutas de forma a os compreender. A nossa tarefa não é de investigar o desejo de desfrutar que está em nós, mas através das suas reacções nós estudamos a Luz, o Criador. Nós não sentimos a Luz em si; somos incapazes de perceber ou compreendê-la. Porém, ao atravessarmos diferentes camadas do desejo de desfrutar, os estados quebrados e por corrigir, ao serem esvaziados de Luz e preenchidos por ela, estudamos o que acontece fora do nosso desejo egoísta.

Não sabemos que ocorre realmente no “exterior.” Sentimos apenas as mudanças que acontecem dentro de nós e as comparamos. É assim que estudamos o terceiro componente – a Luz. Embora não saibamos nada sobre a Luz, e não consigamos senti-la, somos capazes de alcançá-la através das suas acções. Mas isto não pode ser feito de uma só vez.

Quanto mais complexo o desejo se torna, mais contradições e “sombras” ele contém, e maior é a sua habilidade de reconhecer a Luz e o Criador. Desta forma, não devemos pensar que alguém está deliberadamente a colocar obstáculos no nosso caminho. A natureza do nosso desejo egoísta, que é oposta à Luz, o requer de forma a levar a cabo estas várias acções, de forma a compreender o que é a Luz, que está tão afastada dele.

Página Diária 06.12.09

A Atitude em Relação ao Grupo Determina Tudo
A principal coisa que devemos lembrar a todo momento é que nós somos um grupo, e cada um de nós, como membro desse grupo, deve fazer uma autocrítica interior: será que eu sou um justo dentro de uma sociedade de pessoas justas? Será que eu e todo o grupo pretendemos alcançar a auto-anulação e o amor pelos outros, onde revelaremos a doação ao Criador e Ele como nosso doador e sustentador? Nós devemos prestar atenção nisso o tempo todo.
A todo momento, quando eu não estou nesse estado, eu fico automaticamente sujeito à minha natureza – o desejo de receber. Então, eu me encontro em “Moshav Letzim” (local de zombadores), numa sociedade egoísta, porque a atitude da pessoa em relação ao grupo é que determina isso. Assim, ela não deve esperar nada; ao invés da poção da vida ela entra na poção da morte. As mudanças, de um extremo ao outro, são determinadas por: será que eu presto atenção às coisas certas, na medida em que sou capaz de fazer isso, ou não presto atenção a elas? Portanto, nós devemos nos esforçar nessa análise contínua.

Não Podemos Fazer Nada Sem a Luz que Corrige
Depois que a pessoa investe algum tempo nos estudos e no trabalho em grupo, a Luz que Corrige lhe traz os discernimentos corretos: que a qualidade de doação, a própria qualidade do amor é que lhe dá a liberdade. Então, ela reconhece que quer a espiritualidade porque essa é mais vantajosa do que toda a materialidade. E isso já é um belo discernimento no nível de “Lo Lishma” (desejar a espiritualidade egoisticamente para si mesmo). “Eu quero doar, amar, sair de mim mesmo, para me anular. Para deixar a prisão. Isso é bom”; no entanto, “Eu quero sair de mim porque eu serei feliz. Mas eu realmente quero sair desta prisão de inclinação egoísta”.
Quando a pessoa está num grupo e anseia atingir a meta espiritual junto com os amigos, estes não são mais chamados de “Moshav Letzim”, mas sim “Cabalistas”, em relação ao objetivo que pretendem atingir. Então, quando ela começa a trabalhar com os outros, e tenta sair de si mesma, ela começa a sentir que não ocorre nenhuma mudança nela, que ela não consegue mudar. A Luz que age sobre ela lhe traz os discernimentos. Em cada estado, a Luz que Corrige é que lhe traz a emoção, a inteligência, a visão, o sentimento de conexão com os outros, e as análises. Então, ela percebe que não pode fazer nada sem a ajuda da Força Superior, exigindo assim o terceiro componente.
Em outras palavras, “Eu e o grupo nos influenciamos de forma positiva, mas nós não somos nada”. Ali ocorrem muitas decepções, e começam a ocorrer tensões e problemas no grupo. Eu espero que nós sintamos realmente como nós estamos recebendo simultaneamente uma boa influência, como está escrito: “as Luzes agitam os vasos”. Porém, como resultado disso, nós já começamos a entrar em algum tipo de harmonia, mesmo que ela seja negativa; ou, quem sabe, talvez ela seja positiva, na verdade? Mas pelo menos isso está ocorrendo reciprocamente, em algum tipo de conexão, em conjunto. Então, a Luz começa a influenciar cada um com mais intensidade, porque todos começam a sentir essas mudanças muito rapidamente, como num amplificador. Então, elas alcançam o reconhecimento do mal – que elas já não podem fazer nada sem o Criador, sem a Luz que Corrige.

Alcançar a Sensação do Criador
Vejam como é difícil para nós introduzir o conceito de “Unidade” em todos os nossos pensamentos e desejos, atribuir a nós mesmos, dia e noite, sem parar, algum tipo de Força Superior que “Tu me cercaste por detrás e por diante “; vejam de que modo estamos fugindo desta conexão. Não diga “eu não O sinto “, pois é claro que você não O sente. Se você sentisse, você estaria conectado a Ele; essa sensação já teria exigido que você fizesse isso de forma obrigatória. Nós, que já estamos discutindo e lendo sobre isso, somos incapazes de atribuir tudo o que ocorre na sociedade, na família, dentro de nós, no mundo, no nosso trabalho interior, ao Uno e Único Criador. Isso porque nós não sentimos o Criador.
Até que eu O sinta em meus sentidos, até que eu esteja conectado a essa fonte através de um feixe de luz, até que eu esteja dentro Dele e Ele esteja dentro de mim de alguma forma, eu não posso pensar Nele uma vez que algo aconteça comigo, mas eu penso imediatamente em cerca de mil e uma outras razões, e não sobre Ele. Devido à sua natureza egoísta, a pessoa é incapaz de estar conectada ao conceito do “Uno”.
Pergunta de um aluno:
Resposta pelo Dr. Michael Laitman: Porque nós estamos numa quebra, porque somos feitos de Luz e vaso, escuridão e luz, calor e frio. O nosso sentimento é composto do desejo e do sentimento de realização, ou de algum tipo de deficiência dentro deste desejo. Um vem diretamente do Criador, enquanto o outro vem indiretamente d’Ele. Tanto o prazer quanto o déficit vêm indiretamente, e por isso eu não posso atribuí-los ao Criador. Como eu vou atribuí-los a Ele?
Acontece que, até que a pessoa reconheça, sinta, e revele o Criador, a todo o momento nós dizemos: “Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor”, isso é uma mentira. Na verdade, nós não estamos realmente sentindo isso. Portanto, alcançar este slogan e realmente dizê-lo, significa alcançar a “revelação do Criador”.